‘Nações-Startups’: solução para as dores da América Latina?

Durante o VivaTech 2018, um dos principais eventos de inovação no mundo, realizado em Paris, o presidente da França, Emmanuel Macron, surpreendeu e afirmou que pretende transformar a França em uma “Nação-Startup”.  Investimentos previstos de 10 bilhões de euros, nos próximos anos, em inovação, flexibilidade nos impostos, mudança na legislação com o propósito de fortalecer o ecossistema, empoderar as startups e levantar a bandeira da inovação como norteador do país.

A receita perfeita para um país se tornar uma “startup nation” – expressão usada para designar as nações que se transformaram em “celeiros” de startups – é quase uma receita de bolo.

Na Inglaterra as startups têm o apoio das grandes corporações, facilitando sua operação. Foto: FT.

Um governo que ofereça uma política reguladora com pouquíssima burocracia, organizações que façam a costura entre a iniciativa privada e o mundo acadêmico e empreendedores com boas ideias. E, preferencialmente, um ambiente com tolerância ao fracasso. E neste caso, a estrutura de negócios criada no Reino Unido e em Israel podem ser um bom exemplo para melhorar o ambiente empreendedor no Brasil e na América Latina.

O governo britânico incentiva a realização de negócios, permitindo que uma empresa seja aberta em 24h. As leis trabalhistas são bastante flexíveis e o país possui uma infraestrutura de organizações, transporte e comunicações que ajudaram a colocar a nação no top do ranking de melhores países para se fazer negócios na Europa. E, mesmo com o Brexit, 40% das grandes empresas têm sua sede europeia por lá.

Em Israel, cena da cirurgia de coluna vertebral com a ajuda do robô de cirurgia Mazor. Foto: Haaretz.

Mas quem conhece os principais ecossistemas de tecnologia e inovação do mundo costuma fazer algumas comparações entre as características de Santa Catarina, aqui no Brasil, com regiões como Israel e, mais recentemente, Portugal. Os três locais tem uma população não muito díspar (entre 7 e 10 milhões de habitantes), assim como uma dimensão territorial próxima. Apesar de estarem em estágios muito diferentes de desenvolvimento, são regiões de reconhecido potencial de inovação.

Mas Israel é, praticamente, outro planeta. A necessidade de desenvolver tecnologias para a defesa do território, o senso de comunidade fortalecido por questões religiosas e a tradição de investimento em educação transformaram o estado hebreu na “Nação das Startups” – proporcionalmente, tem a maior concentração de negócios de tecnologia em todo o mundo.

Medellín, na Colômbia, é considerada uma das cidades mais inovadoras da América Latina e exemplo mundial. Foto: Divulgação.

O que não falta na América Latina são oportunidades para startups na área de educação, saúde, habitação,  mobilidade urbana, agricultura, infraestrutura, lazer, turismo e elas podem colaborar diretamente com o poder público e trazer melhorias aos latino-americanos a curtíssimo prazo.

Nessa lógica, seria a solução da América Latina “Nações-Startups” com “Cidades Criativas, Inteligentes e Sustentáveis” para solucionar as dores da América Latina?

***
Luís Cláudio SP, é publicitário, idealizador do projeto AL+ que é um contraponto positivo da América Latinapor meio da cultura, criatividade, inovação e empreendedorismo latino-americano. Escreve quinzenalmente no São Paulo São.

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