No Largo da Batata, 9ª Mostra 3M de Arte expõe trabalhos que sobre a diversidade e novos mundos possíveis

A  9ª Mostra 3M de Arte nasce com a temática “Manifestos por outros mundos possíveis”. Pensando em quebrar o paradigma dominante, também abrir espaço para além dos eixos hegemônicos Rio-São Paulo, o conceito definido para reger esta edição da Mostra discute estética e proposição de ações para outros mundos possíveis, que aceite e englobe as diferenças, sejam elas quais forem. Com a provocação do  manifesto, constrói novas perspectivas de existências e leva à reflexão. A ideia é dar voz e contemplar pessoas que encorajam e têm uma luta de afirmação de grupos que são minorizados, além de propor a ocupação do espaço público. 

Sob curadoria do artista Daniel Lima, bacharel em Artes Plásticas, Mestre em Psicologia e Doutorando em Meio e Processos Audiovisuais pela Universidade de São Paulo, um time de jurados foi convidado para discutir a propositivas dos artistas e selecioná-los a partir da temática. Adriana Barbosa, a mulher por trás de toda a plataforma Feira Preta, que em 2019 se transformou na Plataforma PRETAHUB; Amara Moira, travesti, feminista, doutora em teoria e crítica literária pela Unicamp e autora do livro autobiográfico ‘E se eu fosse puta’ (hoo editora, 2016), além de colunista da Mídia Ninja; Ana Hikari, atriz com inúmeros trabalhos no teatro e em televisão; Felipe Brait, curador independente de arte contemporânea, produtor cultural, arte-educador e artista plástico; e, Vera Pallamin, professora livre-docente da FAU-USP, graduada em Arquitetura e Urbanismo e em Filosofia pela Universidade de São Paulo.

A Mostra prioriza as diversidades étnicas para dialogar com todos, visando se expressar dentro da arte contemporânea e debater, de maneira poética, um novo mundo para além do político, social e econômico. A ativação promove a participação do coletivo em espaço público durante o período de um mês de permanência no Largo da Batata, com cinco obras de caráter de denúncia e anúncio, estimulando a observação das nossas próprias contradições, relações, dinâmicas de inclusão e exclusão e intervenções urbanas. 

“Mil Litros de Preto II – O largo está cheio” é a performance que aborda a chacina de jovens negros.  Com mil baldes de 7 litros – quantidade de sangue do corpo humano – de água tingida de vermelho, todos etiquetados com nomes de vítimas mortas violentamente, uma piscina de 7 mil litros será ocupada. Os baldes serão despejados pela autora, Lucimélia, e integrantes do movimento “Mães de Maio”- mulheres que lutam pela justiça dos assassinatos de seus filhos -, no dia da abertura da Mostra, dia 28 de setembro às 16h e tem duração de 1h. A piscina fica exposta ao longo do mês no Largo da Batata até o fim da permanência das obras em 27 de outubro. 

Uma grande estrutura preta estabelece a conexão entre o tempo e espaço – futuro, passado e presente. A imagem icônica do filme “2001 Uma Odisséia no Espaço” foi a inspiração para “Monolítico Mnemônico” de dupla MINIMUM formada por David Paz e Patrícia Passos. A obra é a mais tecnológica da Mostra e conta com caixas de som e pequenos displays. 

 

Engajada com os movimentos sociais e lutando dos povos nativos, a índigena Naine Terena, doutora em educação pela PUC/SP, mestre em artes pela UNB e comunicóloga pela UFMT, dá vida à obra “Prosperidade”. Entre as pétalas da criação, espaços para se sentar serão edificados, convidando o espectador a fazer parte da instalação. 

A proposta da obra “Entre” é do designer Renato Atuati. O trabalho lança a ideia de um mundo de portões abertos, que seja aberto às diferenças e valorize suas potencialidades por meio da coletividade.

“Puxadinho” é uma instalação proposta pelo Projeto Matilha – composto por Fafi Prado e Pedro Guimarães. A obra se refere a um termo popular para ampliação de moradia geralmente realizada pelo próprio morador e muitas vezes utilizando sobras de outras construções.

A pequena casa, que será construída no Largo da Batata, pretende formar um ambiente aconchegante que convida o espectador a escrever seus manifestos a partir da pergunta: “Quem é você na história do Brasil?”. O trabalho convida a todos para compor a proposta em conjunto e trazer uma educação fora da escola. A exposição também conta com audiodescrição para deficientes visuais.

“Ficamos muito felizes em apoiar novamente a realização desta mostra, fomentando a cultura, em local democrático, como é o Largo da Batata”, completa Luiz Eduardo Serafim, head de marketing da 3M do Brasil.

Para Fernanda Del Guerra, diretora da Elo3, empresa idealizadora e realizadora da Mostra 3M de Arte, “essa é a melhor forma de tornar a arte acessível, democrática e fiel do nosso desejo em ocupar o espaço público com trabalhos que estejam em diálogo com os cidadãos”.

A 9ª Mostra 3M de Arte acontece, gratuitamente, de 28 de setembro a 28 de outubro e ocupará, pelo terceiro ano consecutivo, o Largo da Batata. Localizado na zona oeste da capital, a região pertence a uma área revitalizada que integra o esforço da sociedade civil para transformar a cidade em um espaço de convívio e ocupação por parte da população. Com circulação diária de aproximadamente 150 mil pessoas, o espaço, que recebe a Mostra tornou-se um símbolo de resistência pública abrigando ocupações, manifestações políticas, blocos de Carnaval e atividades de lazer e entretenimento cotidiano de paulistanos de todas as idades e classes sociais. 

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