São Paulo teve o maior Carnaval de rua de sua história. Foram 355 blocos seguidos por aproximadamente 2 milhões de pessoas. As vias da maior cidade do país foram tomadas: foliões fantasiados, carros de som, cerveja.
O ressurgimento do Carnaval de rua paulistano não aconteceu de repente. Alguns dos maiores blocos deste ano já desfilam há pelo menos meia década. Com o passar do tempo, a festa foi aumentando. Em 2016, se tornou grande. Aqui estão alguns fatores que possibilitaram essa mudança:
Nos últimos anos, as grandes cidades do país assistiram ao crescimento de movimentos independentes que pregam a ocupação e a retomada do espaço público. Cidadãos estão reivindicando a gestão de atividades coletivas em praças públicas, pedindo mais parques e organizando festas de rua, por exemplo.
São Paulo tem sido um dos grandes palcos desse movimento. De acordo com especialistas, essa vontade de ocupar a rua com mais pessoas, em detrimento dos carros, fez crescer o Carnaval na cidade.
A origem do Carnaval está na rua. A festa, porém, migrou com o tempo para clubes ou foi institucionalizada em sambódromos.
Alguns blocos tradicionais se mantiveram firmes no interior do Estado, como em São Luiz do Paraitinga. Depois, a tradição foi sendo restabelecida na capital. Em 2009, a primeira nova leva de blocos começou a desfilar pelas ruas paulistanas e a ocupação se tornou crescente. Em 2016, foram 100 blocos a mais do que em 2015, por exemplo.
Além da oferta maior de diversão, a procura também aumentou. Umapesquisa da SPTrans (empresa municipal de transportes) realizada neste Carnaval detectou que 64% dos foliões paulistanos deste ano participavam pela primeira vez da festa nas ruas.
A Prefeitura de São Paulo tem encorajado a presença de blocos nas ruas da cidade. Desde o início do mandato, a atual gestão vem adotando medidas para cadastrar os blocos e dar uma organização mínima para a festa. Em 2016, proibiu o uso de abadás e cordas nas festas – algo que o Rio de Janeiro já havia proibido. Neste ano também, a Secretaria Municipal de Cultura gastou R$ 10 milhões para apoiar blocos independentes e oferecer estrutura para a festa.
A estrutura inclui banheiros químicos nas concentrações e dispersões dos blocos, além de panfletos e totens com datas e horários de todos os blocos. Há também o apoio da Companhia de Engenharia de Tráfego, da Secretária da Saúde, que está promovendo ações contra o HIV e distribuindo camisinhas e da Polícia Militar.
O retorno econômico é alto. Na estimativa da Secretaria de Turismo, a festa em 2016 vai girar cerca de R$ 400 milhões – quase o dobro do Sambódromo, que a cada Carnaval movimenta em torno de R$ 250 milhões.
O crescimento do Carnaval de rua, porém, também recebe críticas. Na Vila Madalena, bairro boêmio da zona oeste de São Paulo, associações de moradores fizeram um abaixo-assinado no qual pedem a redução do número de blocos. As entidades reclamam do barulho, do consumo de drogas e do lixo acumulado durante a festa.
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Ana Freitas no NEXO.
Ranking de público nos principais blocos de São Paulo
BLOCOS | Mínimo (em mil) | Realista(em mil) | Máximo (em mil) |
Acadêmicos do Baixo Augusta | 120 | 150 | 180 |
Bangalafumenga e Sargento Pimenta | 50 | 55 | 60 |
BlocON com Sidney Magal | 50 | 55 | 60 |
Monobloco | 40 | 45 | 50 |
Tô de Bowie | 35 | 40 | 45 |
Ilú Obá De Min (dois desfiles) | 35 | 40 | 45 |
Domingo ela não vai | 30 | 40 | 45 |
Desmanche | 30 | 40 | 45 |
Tarado ni você | 25 | 30 | 35 |
Bastardo (foram 4 desfiles) | 20 | 30 | 36 |
Casa Comigo | 20 | 25 | 30 |
Pilantragi | 20 | 25 | 30 |
Agrada gregos | 18 | 20 | 25 |
Maluco Beleza (Alceu Valença) | 15 | 18 | 20 |
Gambiarra | 15 | 18 | 20 |
Chá da Alice | 15 | 18 | 20 |
Unidos do BPM | 15 | 18 | 20 |
Ritaleena | 10 | 15 | 18 |
Bregsnice | 10 | 15 | 18 |
Confraria do Pasmado | 10 | 12 | 15 |
Espetacular Charanga do França | 10 | 12 | 15 |
Bloco Urubó | 8 | 10 | 12 |
Agora vai | 8 | 10 | 12 |
TOTAL | 609 | 741 | 856 |
Fonte: Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.