‘Ocupação’ Elomar no Itaú Cultural

Entre as luas nova de julho e crescente de agosto de 2015, o universo do músico Elomar Figueira Mello transforma o Itaú Cultural em uma casa de fazenda. A 25ª edição do programa Ocupação torna-se morada para registros, objetos e memórias que revelam de onde surgem as referências que, para além da música, habitam romances, poesias e peças de teatro compostas pelo artista. A mostra é gratuita e pode ser visitada a partir do dia 18 de julho.

Visite o hotsite da Ocupação Elomar

O espaço expositivo faz menção ao local em que hoje vive Elomar – a Casa dos Carneiros, fazenda que fica em Vitória da Conquista (BA). Elementos como a aridez do solo, cercas, bodes, grandes janelas da fazenda e narrativas presentes na música de Elomar convidam o público a adentrar um espaço de contemplação e deixar-se levar pelos encantamentos do sertão profundo.

Música e linguagem

Arquiteto por formação e músico por destino, Elomar ainda criança se fascinou. “As primeiríssimas peças que compus eu tinha 9, 10 anos – no violão, sem texto. A música Deus mandou para mim muito cedo. Com 7, 8 anos já chegou o despertar, o grande encantamento”, diz o compositor. Elomar conta que o texto, a poética, chegou um pouco mais tarde.

Ainda garoto percebeu a existência de duas linguagens: a culta, que estava nos livros e no falar do pessoal das cidades; e a dos roçalianos, que ele só conhecia oralmente. E assim desde o primeiro trabalho explora uma expressão própria da língua portuguesa – grafia e termos – que reproduz a fala do sertanejo e foi batizada pelo criador de dialeto sertanezo. “Todo texto meu que se refere a discurso de vaqueiro, de retirante, de camponês ou de habitante do sertão versa em sertanez”, conta. Pelos registros da oralidade dos próprios habitantes do sertão transita o português castiço.

Carreira

O estudo de música era paralelo ao curso de arquitetura, realizado na Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 1959. Elomar frequentava os Seminários Livres de Música dos regentes e professores Ernst Widmer e H. J. Koellreutter.

Na década de 1960, o músico voltou a Vitória da Conquista, onde se casou e teve três filhos. Depois disso lançou seu primeiro compacto simples, em 1968, com as composições “Violeiro” e “Canções da Catingueira”. Em 1972 publicou o primeiro álbum, Das Barrancas do Rio Gavião, em que agrega elementos e influências do romanceiro medieval ibérico e do cancioneiro popular nordestino. São desse período os trabalhos Parcelada Malunga e Fantasia Leiga para um Rio Seco, entre outros. Em 1981 estreou em São Paulo o prestigiado espetáculo ConSertão, com participação de Arthur Moreira Lima, Paulo Moura e Heraldo do Monte.

Em 1984, ano do show Cantoria – com Geraldo Azevedo, Vital Farias e Xangai –, passou a trabalhar sua obra erudita e adentrar o universo das óperas, dos concertos, das antífonas e da escrita orquestral. Com o filho e parceiro João Omar, transita com desenvoltura pelos espaços da tradução cultural desses elementos de origem europeia. O disco Árias Sertânicas, de 1992, registrou os fragmentos de seu trabalho operístico Lançou álbuns pelos emblemáticos selos Kuarup e Marcus Pereira e também crio sua própria gravadora, a Rio do Gavião, responsável por quatro de seus 16 discos.

Manto Cantado

Educadores e visitantes embarcam em uma viagem para o sertão imaginário das canções de Elomar na produção coletiva de um manto de cavaleiro. Durante a mostra, aos sábados e domingos, o grupo produzirá – a partir do mote de canções – imagem e/ou texto com os materiais e técnicas de bordado e desenho em tecido e feltro. O manto do cavaleiro, ao final, será oferecido ao homenageado.

Até domingo 23 de agosto, às 17h (duração aproximada 60 minutos).
Itaú cultural – piso térreo (mais bem aproveitado por crianças acima de 9 anos).
Mais informações pelo telefone 2168-1876, de terça a sexta, das 9h às 20h, ou no balcão de atendimento ao público.

Confira as demais atividades paralelas à exposição na aba programação.

Ocupação Elomar

Visitação
Sábado 1a domingo até 23 agosto de 2015.
Terça a sexta, das 9h às 20h (permanência até as 20h30).
Sábado, domingo e feriado, das 11h às 20h.
Itaú Cultural – Piso Paulista.
Gratuito.

Fonte: Instituto Cultural Itaú.

 

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