Ex-jogador Raí abre cinema de rua em São Paulo


Quinze anos depois de abandonar os gramados, Raí ainda torce por casa cheia. Mas se nos tempos de jogador ele queria ver as arquibancadas lotadas, o objetivo agora é encher o cinema . Desde outubro do ano passado, o ídolo da torcida do São Paulo é um dos donos do 
Cinesala, no bairro de Pinheiros, na Zona Oeste da capital paulista. 

Bicampeão da Libertadores, campeão mundial interclubes e titular da da seleção brasileira nas primeiras partidas da conquista da Copa de 1994, Raí tenta repetir o sucesso que conseguiu nos gramados para a nova atividade. Com filmes de autor, o Cinesala tem sido bem sucedido. Tanto que o ex-jogador e os três sócio planejam para o primeiro semestre do ano que vem a abertura de uma segunda sala, em outro ponto da cidade. Os detalhes ainda são mantidos em sigilo, mas uma característica do novo empreendimento é certa: o cinema será de rua. O plano do ex-jogador e seus parceiros é ter, no médio prazo, um total de três ou quatro espaços desse tipo espalhados por São Paulo.

Mais do que um negócio, o ex-craque trata o empreendimento como causa. Fazem parte de seus planos articular um movimento para unir os proprietários das salas de projeção instaladas fora de shopping em busca de melhorias na legislação para viabilizar o funcionamento dos espaços.

‑ É preciso dar visibilidade para a importância que um cinema pode ter para um bairro, essa coisa do encontro das pessoas, com valorização da qualidade de vida. Tem que ter alguns incentivos. São apenas seis ou sete salas em São Paulo hoje. Vamos levantar reivindicações para que esse modelo de cinema seja mais viável – afirma o ex-craque, que nos tempos de jogador, assim como o irmão Sócrates, se diferenciava dos colegas por se interessar por atividades culturais.

No Cinesala, o letreiro na entrada informa que o espaço funciona como “cinema de rua desde 1962”. Antes de Raí e seus sócios assumirem a administração do espaço, o local funcionava como sala patrocinada por empresas.Ao adquirirem o negócio, o ex-jogador e seus sócios promoveram uma reforma para dar ao prédio características originais da construção. Também foi instalada uma sorveteria. A ideia é reservar um espaço gastronômico para cada novo empreendimento. A a sala que será inaugurada no ano que vem deve ter uma hamburgueria.

A ideia de investir nos cinemas de rua ganhou forma em 2006, ano em que Raí passou em Londres para aprimorar o inglês. O ex-craque se impressionou com o Electric Cinema, no bairro de Notting Hill, perto da casa onde viveu no período sabático. O sócio do craque na empresa de gestão de imagem, Paulo Velasco, que já alimentava há anos a ideia de ter um cinema, foi para a capital inglesa conhecer o espaço.

– A gente pirou no conceito.O cinema é uma restauração e tem um bistrô anexo. Ficamos empolgados com o modelo de negócio, com a importância que o cinema tem para o bairro.

De volta ao país, Raí e Velasco passaram a trabalhar para implantação do cinema.

– Tivemos que adaptar o projeto à realidade brasileira. E também alguns lugares que tentamos negociar não deram certo. Por isso demorou.

Do Electric, o Cinesala copiou os sofás das primeiras fileiras, que permitem ao expectador assistir os filmes esparramado como se estivesse na sala de casa.

Para o ex-ídolo, a abertura do Cinesala acabou sendo impulsionada por uma mudança na relação do paulistano com a cidade, o que bate com a proposta do seu cinema.

– Depois de muito tempo, há uma valorização da rua, com as pessoas ocupando mais as praças e os parques. As pessoas estão se interessando mais pelo espaço público.

Apesar de se interessar por cinema desde jovem, a relação do craque com os filmes se estreitou durante os anos em que ele viveu em Paris para defender o Paris Saint-Germain. O grupo Canal Plus, principal produtor de filmes franceses, era dono do time na época e os jogadores acabavam sendo convidados para as pré-estreias.

– Os incetivos governamentais para os filmes franceses sempre me interessariam. O incetivo à manutenção das salas lá dão resultado.

Mesmo com o seu interesse por cinema, Raí confessa que não se intromete na programação de filmes que são exibidos no Cinesala. A tarefa fica a cargo de Adhemar Oliveira, diretor de programação do Espaço Itaú, outro sócio do ex-jogador no Cinesala.

Se fosse o caso de opinar, Raí nunca deixaria de exibir os filmes de Woody Allen, seu cineasta favorito. O brasileiro Walter Salles e o espanhol Pedro Almodóvar completam o grupo de preferência do ex-craque.

Os filmes preferidos de Raí:

“Magia ao Luar”, de Woody Allen.
“Thelma e Louise”, de Ridley Scott.
“Amelie Poulain”, de Jean-Pierre Jeunet.
“O Filho da Noiva”, de Juan José Campanella.
“O Segredo dos Seus Olhos”, de Juan José Campanella.

Por Sérgio Roxo em O Globo.

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