Paisagismo: a chave para o futuro de nossas cidades

Então, por que é investido tão pouco tempo e dinheiro para seu desenho? Neste artigo, publicado originalmente na revista Metropolis com o título “Designing Outdoor Public Spaces is Vital to the Future of our Cities“, Kirt Martin, vice-presidente de Design e Marketing do escritório de mobiliário urbano Landscape Forms, afirma que o paisagismo e o design industrial focados no setor público são a chave para a saúde e a felicidade das cidades. 

Todos apreciamos nosso tempo em espaços abertos. Mas por que prestamos tão pouca atenção em seu desenho?

Como designer de mobiliário urbano, sempre tenho curiosidade sobre quanto as pessoas apreciam os espaços ao ar livre. Eu gosto de ter como tema de conversa perguntas sobre a descrição de grandes cidades como Nova Iorque, Chicago ou Paris e o que ficou marcado na memória dos visitantes quando estiveram ali. Se este não é o caso, pergunto onde iriam e o que fariam se ganhassem  $25,000 para gastar nas férias sonhadas. Suas melhores experiências em uma cidade célebre ou em uma paisagem natural sempre têm algo em comum, exceto por um ponto: aquelas que são mais memoráveis sempre têm como cenário os espaços ao ar livre. 

Temos estudos que demostram que as pessoas tendem a ser mais saudáveis, mais felizes e ter uma vida mais duradoura em áreas com acesso a natureza, incluindo espaços urbanos com áreas verdes. Os espaços ao ar livre são os menos custosos para criar e os que geram a mais alta rentabilidade – levando em conta aspectos como a melhora da vida em comunidade, saúde e riqueza, além da geração de atividades econômicas nas áreas circuncidantes. Com um número crescente de pessoas que se refugiam em cidades – desde jovens profissionais até aposentados – os espaços públicos verdes e a vibrante paisagem urbana são considerados fatores chave que atraem tanto os residentes como negócios.

Apesar disso, não damos aos espaços livres o mesmo valor e suporte econômico que conferimos aos edifícios e interiores. Calculamos o valor em dólares por metro quadrado dos edifícios e interiores mas não valorizamos os metros quadrados das áreas livres. Não conta-se com uma análise de viabilidade econômica para o desenho de espaços exteriores, quando poderia e deveria ser realizada. Considero também que o desenho e inovação nas áreas exteriores públicas e privadas é um tema pendente, e o primeiro passo para assumir este desafio é melhorar as habilidades e talentos dos arquitetos paisagistas, os profissionais melhor preparados para desenhar estes espaços. 

Sistema de Reciclagem do Central Park desenhado por Landor Associates. Imagem: Landscape Forms.Chegou o momento da história em que a arquitetura da paisagem tem algo muito importante para dizer, e devemos escutar. Os arquitetos paisagistas aplicam uma disciplina baseada no pensamento holístico. Eles entendem o ambiente natural, o ambiente construído e as relações entre ambos. Além do mais, estão preparados para assumir a liderança no desenho de espaços exteriores e captar a atenção do público nos mesmos.

Recentes projetos destacados como o High Line e o Millennium Park criaram fortes laços com a comunidade local, e os famosos urbanistas responsáveis por estes projetos suscitaram o interesse do público. Entretanto, ainda existe uma grande legião de paisagistas talentosos e inspirados que deveriam ser parte primordial do desenho e visualização dos espaços exteriores.

'Cloud Gate' de Anish Kapoor, escultura no Millennium Park em Chicago. Imagem: Urban Land Institute.

Este também é um momento no qual a história desempenha um papel útil para a arquitetura da paisagem. Nós que somos provedores de mobiliário urbano, partícipes do desenho e ativação dos espaços exteriores, devemos formar parte deste desafio, e estou disposto a assumi-lo buscando os meios para garantir a rentabilidade de espaços exteriores desenhados em términos de comunidade, identidade, bem-estar, meio-ambiente e economia. Estou focado em liderar a inovação junto com soluções graduais mais além de elementos padrões como lixeiros, estacionamento para bicicletas e bancos, para ajudar as pessoas a desfrutarem de experiências inesquecíveis ao ar livre. Os exteriores iniciam no exato momento em que saímos das nossas portas, por isso são requeridas novas ideias para os espaços adjacentes aos edifícios. É necessário também integrar a tecnologia aos espaços públicos, respeitando as qualidades especiais de cada contexto.

Me sinto entusiasmado por este esforço e acredito que, com a colaboração de paisagistas e outros profissionais do design na indústria do mobiliário urbano, podemos suscitar interesses e promover um maior investimento em espaços exteriores que criem memória e significado. Juntos podemos criar uma verdadeira mudança na paisagem urbana, que é o nosso futuro.

Kirt Martin é vice-presidente de Design e Marketing de Landscape Forms, liderando as equipes criativas de desenvolvimento de produto, marketing e comunicações desta companhia. 

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Fonte: ArchDaily.

 

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