Projeto multidisciplinar discute a ocupação do espaço público

Em tempos de crise, ganha força um discurso no qual a política é demonizada. Sob a lógica de que todos são corruptos, defende-se que a classe política seja varrida para debaixo do tapete. Uma instalação, localizada na área de convivência do Sesc Ipiranga, confronta essa visão. IntituladaAparelhagem, a obra é inspirada na arquitetura do plenário do Congresso Nacional, convidando o público a ocupá-la e propor novas possibilidades de uso. A instalação integra o projeto Campos de Preposições, em cartaz no Sesc e idealizado pelo O Grupo Inteiro, em parceria com artistas convidados e a Central Saint Martins – University of the Arts London.

Formado por Carol Tonetti, Claudio Bueno, Ligia Nobre e Vitor Cesar, O Grupo Inteiro é um coletivo multidisciplinar que começou há dois anos. Com formações distintas, eles desenvolvem projetos que investigam a ocupação do espaço público, unindo conceitos da arte, arquitetura e design. No começo desse ano, participaram da exposição Playgrounds, no MASP, com a obra Condutores, um trepa-trepa formado pelas estruturas internas de apoio do ônibus. Também idealizaram o projeto espacial do Restauro, obra de arte e restaurante da 32ª Bienal de São Paulo.  Em Campos de Preposições, o grupo apresenta projetos de artistas como Clarisse Lima e Aretha Sadick, além de promover oficinas, encontros e debates que visam discutir as formas de convivência no presente.

O grupo enfatiza que não se trata de uma exposição tradicional, mas de uma plataforma dispositiva que convida o público a interagir e não apenas contemplar. Na obra Aparelhagem, por exemplo, as pessoas podem sentar, deitar e permanecer o tempo que quiserem na instalação. “Trazer esse trabalho para uma área que é de convivência pública, mas também tem um caráter doméstico, reforça justamente que a dimensão política é cotidiana, ela nos atravessa, não podendo ser ignorada”, afirma  Ligia Nobre.

Na instalação, também há áudios que o público pode ouvir nos fones, com falas como a da artista Daniela Matos, que discorre sobre a presença feminina na política. Segundo a Carol Tonetti: “Nos interessava essa multiplicidade de vozes contra a situação que vivemos hoje, com a prevalência do discurso do corpo branco e heterossexual. É uma chamada para ocuparmos os espaços de outras formas, com outros corpos. Trata-se justamente de refletir  sobre a ideia de convivência, não como algo apaziguado e sem conflitos, mas como um espaço de negociação”.

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