Um banco para troca de restos de tecido

Figurinista de teatro cria um banco para troca de restos de tecido. A Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo, viu um novo modelo de banco abrir as portas em janeiro deste ano. Só que a moeda de troca ali não é o dinheiro. O capital, no caso, é um bem maleável, cotado por quilo e cheio de cores e texturas diversas.

É na base do troca-troca que funciona o Banco de Tecidos, projeto que recoloca no mercado e recicla peças que antes estavam esquecidas no fundo das gavetas ou restos sem uso nas prateleiras ou estoques de alguma confecção.

Inscreva-se para o Prêmio Empreendedor Social e para o Prêmio Empreendedor Social de Futuro 2015. Na gerência desse banco diferenciado está a figurinista e cenógrafa Lu Bueno, 45, que tem em seu currículo companhias teatrais como Parlapatões, Circo Mínimo, La Mínima, entre outras.

Ao longo de 25 anos de profissão em que trabalhou com diretores como Gerald Thomas e Antunes Filho, a nova “banqueira” via centenas de pilhas de tecido se amontoarem em sua casa diariamente. A situação piorou em 2013, quando Lu precisou se mudar para uma residência menor. Só então se deu conta que já havia acumulado quase uma tonelada de tecidos.

Depois da surpresa, a figurinista buscou uma forma de destinar o material corretamente. Caso descartado no lixo, um tecido de malha, por exemplo, pode levar até um ano para se decompor. No caso do couro, esse tempo sobe para 50 anos.

Lu apelou então para uma brincadeira entre seis amigos, que também trabalham com artes cênicas, para evitar que o material precioso virasse lixo. Cada um trazia seus restos de tecidos e faziam trocas entre si, de acordo com as necessidades profissionais daquele momento.

Passado um ano da experiência, a idealizadora do escambo informal notou que não se tratava apenas de um troca-troca entre amigos.

“Percebi que estava entrando em um empreendimento social. Recolocando no mercado tecidos que estavam parados. Eu retiro o material, libero espaço e gero dividendos sem praticamente nenhum gasto ambiental”, diz.

Lu foi buscar informações no Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Matriculou-se em cursos sobre economia criativa, de nomes sugestivos como “Aprendendo a Empreender”. Foi assim que acabou participando de uma oficina intitulada Transforme sua Ideia em um Modelo de Negócio.

Nascia assim o negócio propriamente dito. No Banco de Tecidos, o modelo de troca funciona como um “sistema correntista”. O cliente se cadastra, leva seus quilos de tecidos e o projeto cobra 20% de taxas. Ou seja, de cada 10 quilos apresentados no balcão, dois são retidos pelo banco. Os oito restantes podem ser trocado por qualquer outra peça. Estão disponíveis tecidos mais e menos nobres, de seda pura a malha.

“Isso proporciona um giro de tecido até mesmo de peças artísticas originais que estão fora de linha há anos”, exemplifica a criadora do banco. “Tecido bom não estraga.”

A clientela do banco é variada. Lu tem percebido que suas peças exclusivas tem despertado interesse de pessoas ligadas à moda e até mesmo noivas que buscam uma decoração original para o casamento, por exemplo. A maioria dos tecidos do banco não é mais encontrada no Brás ou Bom Retiro -regiões tradicionais de venda do produto em São Paulo.

Pelo cunho social da iniciativa, a dona do banco diz não descartar nenhum tipo de tecido. A avaliação do material é feita na hora. Os que estiverem em pior estado são destinados a aterros. Aqueles que necessitem de limpeza, são encaminhados para lavagem. 

Quando a sobra não é aproveitada no banco por ser muito pequena, a figurista a destina para a oficina de costura do Projeto Arrastão, que dá acolhimento e suporte a famílias carentes no Campo Limpo, zona sul da cidade. 

O espaço também é aberto para o “comércio tradicional” e vende o quilo de qualquer tecido por R$ 35. “A ideia é que as pessoas usem esse banco de forma contínua e criem relações com outras que gostam de tecido”, diz a idealizadora. 

Expandindo o negócio.

O negócio que começou para economizar espaço e energia acaba de virar também um selo de moda sustentável: a Tecidos de Reuso Para Uso. Lu se juntou a estilista Gabriela Mazepa para a criação de peças como blusas, vestidos e camisas, produzidos com tecidos reaproveitados. O projeto também começa a ampliar sua atuação, fechando parceiras com confecções de moda para doação de tecido. Interessados em doar ou trocar tecidos. Em caso de grandes doações, é possível solicitar a retirada.

Se você ficou curioso pra conhecer o Banco de Tecido fica na Rua Campo Grande, 504  – Vila Leopoldina  – São Paulo Capital. O telefone de lá é (11) 4371-3283. Funciona de 2ª a 6ª das 9h30 às 18h.

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Fonte: Empreendedor Social na Folha de S.Paulo. 

 

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