Quem quiser tentar estar entre esses mil primeiros cidadãos a ganhar o benefício terá que submeter o pedido a uma plataforma online que entra no ar daqui a alguns dias. E só vale bicicletas de uso urbano. A iniciativa é a ampliação de um programa que já beneficiava aqueles que queriam comprar um carro elétrico e que passará também a ter as regras alteradas a partir deste ano: será dado a menos motoristas, mas com um valor maior por veículo. Dos 750 euros em vigor em 2018, agora cada interessado pode receber um incentivo de 3 mil euros por carro. Ao todo, o projeto tem cerca de 3 milhões de euros para os benefícios, algo como pouco mais de 13 milhões de reais.
A extensão do benefício às bikes é uma conquista também das entidades ligadas à mobilidade urbana e bicicletas. No final do ano passado, associações como a MUBi (Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta), a Federação Portuguesa de Ciclismo e a Abimota (Associação Nacional das Indústrias de Duas Rodas), além de entidades ambientalistas, enviaram um position paper aos parlamentares solicitando, além do apoio financeiro, a inclusão das bicicletas nas políticas públicas de incentivo à mobilidade elétrica. No documento, apontam que, mesmo sem qualquer tipo de incentivo ou benefício, foram vendidas mais de 3 mil bicicletas elétricas em 2016, com reflexos positivos não só do ponto de vista econômico direto, mas também quando se consideram os aspectos ambientais. As entidades reforçam que “não faz sentido o Governo afirmar que pretende investir e promover formas de mobilidade menos poluentes e mais saudáveis e sustentáveis, e ao mesmo tempo discriminar a bicicleta”.
Portugal tem uma indústria de bicicletas importante, a terceira maior da Europa, empregando mais de 5 mil pessoas. O incentivo dado agora para as bicicletas elétricas segue um caminho já adotado por países como Suécia, França, Itália e Áustria. Em 2017, a Suécia passou a ser a grande referência neste assunto, com um orçamento de mais de 30 milhões de euros para o incentivo à aquisição de bikes elétricas.
A cidade portuguesa disputou a sede do evento com outras duas grandes metrópoles europeias, mas foi escolhida justamente pelos recentes e crescentes incentivos que o país tem dado para as bicicletas. Aqui na minha pequena e querida Ovar, o caminho tem sido o mesmo: as ciclovias continuam a ser expandidas e um novo trecho ligando o centro da cidade a um importante polo comercial deve estar pronta daqui a poucas semanas. É a bicicleta girando a economia!
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Marcos Freire mora com a família em Ovar, Portugal, pequena cidade perto do Porto, conhecida pelo Pão de Ló e pelo Carnaval. Marcos é jornalista, com passagens pelas principais empresas e veículos de comunicação do nosso país. Escreve quinzenalmente no São Paulo São.