Vidas retratadas no cinema

Por razões distintas apreciei a todos por tratarem as relações humanas, seus conflitos, e visões de mundo e tantos outros aspectos comuns a nós que vivemos nesses tempos difíceis, sem a utilização de apelos comerciais ou o uso de efeitos especiais descartáveis. Além disso, todos têm excelentes atores, ótimos roteiros e direções afinadas.

Cada um valeu o ingresso. Contudo, “Eu, Daniel Blake”, foi o que mais me emocionou por narrar de forma primorosa uma das questões que mais nos afligem atualmente: a burocracia para acessar direitos sociais, a frieza e a falta de sensibilidade de certos tipos de servidores públicos em enxergar e compreender as dificuldades dos outros.

Mesmo num contexto cruel, atitudes solidárias são uma saída para a construção de possibilidades de proteção mútua, e é isso que nutre a força de Daniel Blake, um carpinteiro afastado do trabalho por conta de um tratamento cardíaco, que se confronta com o sistema de assistência social na Inglaterra, para receber os seus direitos garantidos pela política de estado.

Talentoso com madeiras e ferramentas de carpintaria, como muitos cidadãos na sua faixa etária, não tem afinidade com a informática e pena para preencher os formulários digitais exigidos pelo órgão público, que mantém funcionários burocráticos nada dispostos a facilitar as vidas dos que os procuram.

As agruras do personagem central desse drama representam problemas sociais existentes em diversos países e, principalmente no Brasil, uma nação distante de oferecer amparo e condições dignas de sobrevivência para a maioria da população.

O filme dirigido por Ken Loach é comovente porque é muito próximo de situações que vivemos em nosso cotidiano, e é praticamente impossível não se identificar com os seus personagens, os quais, na verdade, são pessoas comuns ou, no popular, gente como a gente. Por aqui, fico. Até a próxima.

Ficha técnica:

Título: Eu, Daniel Blake.
Nacionalidade: Reino Unido, França, Bélgica.
Direção: Ken Loach.
Elenco: Dave Johns, Hayley Squires, Dylan McKiernan.
Gênero: Drama.
Duração: 110 minutos.
Classificação:12 anos.
Prêmio: Palma de Ouro no Festival de Cannes 2016.
Assista o trailer aqui!

***

Leno F. Silva é diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. Escreve às terças-feiras no São Paulo São.

 

 

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