A mobilidade e as pessoas com deficiência

Mobilidade urbana envolve, além de todo o desenho urbano e as formas de deslocamentos, a questão da acessibilidade. Foto: Hoje em Dia.

No início de dezembro, dia 3, foi comemorado o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, data que reforça a importância da participação plena de todos na sociedade. E a mobilidade urbana é um dos aspectos fundamentais dessa inclusão.

De acordo com o IBGE, os deficientes físicos representam 6,7% da população do Brasil, cerca de 14 milhões de pessoas. São pessoas de idades e problemas diversos que não encontram acolhimento e segurança para se movimentar.
 
O Brasil ainda está longe de ser um modelo de acessibilidade, com cidades onde faltam calçadas decentes, rampas e estruturas adaptadas, como banheiros e facilidades em pontos de ônibus e estações de metrô. 

Estima-se que no país apenas 4,7% das vias públicas possuem rampas para cadeirantes e, em São Paulo, 9% das calçadas podem ser chamadas de acessíveis. Em geral, elas não seguem nenhuma padronização ou cumprem as exigências da legislação urbana. 

É pequeno o número de guias em calçadas, estabelecimentos e vias para cegos. Foto: iStock.

Menor ainda é o número de guias em calçadas, estabelecimentos e vias para cegos. PCDs envolvem, além dos portadores de deficiência física (motora), pessoas com dificuldades visuais, auditivas, mentais e intelectuais.
 
Um estudo feito pelo Observatório das Metrópoles do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia analisou as 15 principais regiões metropolitanas brasileiras para avaliar o bem-estar e a acessibilidade da população. Nessa pesquisa, apenas a cidade de Campinas, no interior de São Paulo, foi considerada boa.  
Sheila Ornstein, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, explica que a mobilidade urbana envolve, além de todo o desenho urbano e as formas de deslocamentos, a questão da acessibilidade. “São necessárias facilidades para o ir e vir das pessoas, e isso se traduz em áreas protegidas, lugares de descanso e mobiliário adequado para a população, que atenda requisitos importantes. Pessoas com deficiência visual e que usam bengala, por exemplo, precisam caminhar com segurança, sem se preocupar com obstáculos diversos nas ruas e em outros espaços públicos”, diz a professora.

Embarque em nível e ônibus com elevadores compõem quase 100% da frota de Curitiba. Foto: Prefeitura de Curitiba.

Sheila lembra de como cidades em todo o mundo, principalmente na Europa, priorizam a acessibilidade na formatação urbana. “Aqui temos melhorado, mas é preciso ajustar os percursos para usuários de cadeiras de rodas, pensar na sinalização, investir na segurança de pessoas com variados tipos de deficiência. É preciso entender que isso não deve ser visto como uma exceção, mas como algo promovido pelo bem de todas as cidades. Quando uma comunidade permite que todas as pessoas se movimentem com segurança, das mais variadas formas, ela traz benefícios para a sociedade e um grande crescimento econômico, porque as pessoas saem, se encontram e consomem mais”.

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Conteúdo assinado pelo Pro Coletivo, parceiro especializado em assuntos da multimodalidade.

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