Alimentação escolar incentiva descobertas de novos sabores

Depois, é a vez de um dos meninos entregar as colheres. Logo, as merendeiras trazem as travessas: arroz, feijão, carne cozida e salada de cenoura. Aos poucos, cada criança vai se servindo e começa a comer. Esta é a rotina diária das crianças de três anos do Centro de Educação Infantil (CEI) Pequeno Seareiro, no Jardim Oriental, na zona sul da cidade. A escola é um exemplo de como a rede municipal de ensino utiliza a alimentação escolar como um momento de descoberta e aprendizado.

Todos os dias, o programa de alimentação escolar oferece refeições a quase 1 milhão de crianças e jovens em mais de 3 mil unidades educacionais. Na rede municipal de educação, a hora de comer se transformou, graças às ações de educação alimentar e a inclusão de alimentos orgânicos e de agricultura familiar. Somente em 2015, chegaram às escolas mais de 5 milhões de quilos de alimentos e 1,8 milhão de litros de bebidas produzidos por agricultores familiares. O objetivo, em 2016, é investir cerca de R$ 28 milhões em aquisições deste tipo.

Em quatro anos, as refeições oferecidas nas escolas ficaram mais saudáveis e mais diversificadas. Os bolinhos recheados, a gelatina e os sucos de fruta adoçados foram excluídos do cardápio, para reduzir a oferta de açúcar. Saiu a gordura trans, e mais fibras entraram no prato da criançada, com a inclusão de bolinhos e macarrão integrais, além da melhoria de qualidade das barras de cereais. As crianças também puderam provar alimentos como suco de uva integral e iogurte de frutas.

Iniciativas como esta foram fomentadas pelo projeto Educação Além do Prato. Foto: Heloisa Ballarini.

No almoço desta terça-feira (01), as crianças do CEI Pequeno Seareiro puderam provar pela primeira vez a carne suína adquirida de famílias de agricultores de Harmonia, no Rio Grande do Sul. “Hoje o que eu mais gostei foi a carne, e o caldinho”, aprovou Miguel, três anos, enquanto repetia o prato. A carne já chega às escolas cortada em cubinhos, pronta para ser preparada pelas merendeiras. A aquisição do produto integra o programa de inclusão na merenda de alimentos típicos da cultura brasileira, como farinha de mandioca, fubá e de mandioca cozida.

Do total de recursos investidos na compra de alimentos para a rede municipal, o valor empregado na compra de produtos da agricultura familiar passou de 7%, em 2013, para 27% em 2015, totalizando R$ 49,5 milhões em três anos. A lista de produtos inclui sucos de laranja e de uva, arroz, feijão, banana, iogurte, óleo de soja, tangerina e limão, entre outros. No caso dos orgânicos, introduzidos na rede municipal em 2013, foram investidos em três anos mais de R$ 8 milhões na compra de arroz. Os alimentos são servidos em unidades com gestão direta, mista e conveniada. São 2.213 unidades, com 1.524.656 refeições servidas para 493.172 alunos matriculados.

Para a nutricionista Isabelle Pinheiro, que atua na supervisão das escolas da Diretoria Regional de Educação de Santo Amaro, uma das principais vantagens da inclusão de alimentos da agricultura familiar é a criação de um elo entre as crianças e os agricultores. “Fortalecemos os pequenos produtores, para que eles possam permanecer no campo. E eles ficam até emocionados quando ficam sabendo que os produtos vão alimentar as crianças”, conta Isabelle. “Aí a qualidade é boa, e as crianças gostam”, completa a merendeira Adriana Santos de Castro.

Para apoiar as escolas, a Prefeitura investiu na ampliação do quadro de nutricionistas da rede. Entre 2012 e 2016, a equipe dobrou e chegou a 111 profissionais. Eles são responsáveis por planejar os cardápios, programar o abastecimento e fazer o controle de qualidade, por exemplo.

Educação alimentar

Para incentivar as crianças a provarem as novidades, a rede municipal realiza ações de educação alimentar com projetos que envolvem toda a comunidade escolar em torno das mesas e das cozinhas. No CEI Pequeno Seareiro, a estratégia para ampliar o consumo de hortaliças foi convidar as 150 crianças a plantarem uma horta no pátio da creche. Pais, funcionários e professores se uniram para construir o espaço, adquirir terra, mudas, sementes e os equipamentos básicos.

A plantação foi organizada na forma de uma mandala e cada turma ficou responsável por uma das pétalas. “Fizemos um buraquinho e plantamos. Aí tinha que jogar água. A chuva molhava também. Todo dia a gente vinha olhar se tinha ficado grande. Depois a gente pegou a alface e tirou da terra para comer”, conta Manuela, três anos. Na horta, cultivada pelas crianças, já foram colhidos couve, cenoura, rúcula, alfaces crespa e roxa, salsão, erva-doce e agrião, além de temperos como cebolinha e manjericão. As plantas são adubadas com o chorume gerado por uma composteira, que processa os resíduos produzidos na cozinha da escola.

“No começo, a gente achou que teria que cercar a horta, para que as crianças não pisassem nos canteiros ou arrancassem as mudas enquanto estivessem brincando no pátio. Mas ficamos surpresos com a atenção com que elas cuidaram do espaço e respeitaram as plantas. Isso mostra como ficaram envolvidas pela atividade”, explica Ana Paula Reinfederon, assistente de direção da unidade.

Iniciativas como esta foram fomentadas pelo projeto Educação Além do Prato, que promoveu nos últimos três anos concursos de receitas, ciclos de palestras, debates e eventos de educação alimentar em toda  a rede. Um dos resultados foi a ampliação na quantidade de hortas escolares, que hoje são cultivadas em mais de 300 escolas da rede municipal.

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Fonte Secretaria Executiva de Comunicação / Portal da Prefeitura.

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