Essa imagem mostra que mesmo numa cidade densamente construída, as estações mais antigas podem se modernizar. Não seria nem necessário ter lojas chiques – na verdade, há quem diga que as lojas são chiques demais – o que se busca é pensar na experiência de quem usa as estações.
Esses são bons exemplos que poderiam inspirar as nossas estações de transportes. As pessoas passam tanto tempo nessas conexões que elas deveriam de fato se transformar em espaços públicos que vão além da função de levar e trazer.
Há muito a ser feito. Mesmo as melhores estações de transporte urbano de São Paulo estão muito longe de oferecerem uma ótima experiência.
A Estação da Luz, por exemplo, tem um prédio maravilhoso, está na frente do primeiro parque de São Paulo, é aberta para a cidade e tem até um piano no saguão, uma simpática iniciativa para quem passa por ali e quer testar seus dotes artísticos. Mas falta funcionalidade nos acessos (aquelas grades parecem estar conduzindo rebanhos, não pessoas), faltam lugares para comer, faltam cadeiras e bancos, falta qualidade.
O Terminal da Lapa, que é considerado um dos melhores terminais de ônibus da cidade, com um projeto arquitetônico premiado, é um exemplo que demonstra como dá para melhorar muito o lugar com algum cuidado. Há bancos para sentar, há lugares para comer, o acesso para o bairro é bem razoável, no nível da rua e até os banheiros são limpos.
Não é King´s Cross, mas já torna a experiência de esperar pelo próximo ônibus um pouco mais estimulante.
Já as estações de metrô são bem diferentes umas das outras. Algumas mais antigas se integram relativamente bem á cidade, criam espaços públicos vitais e com algum conforto. Outras, porém, parecem ter deixado de lado a preocupação com o acesso, com a integração com a cidade e com a possibilidade de pessoas terem que ficar lá por algum tempo. A Estação Pinheiros, por exemplo, um grande ponto de integração entre o trem, metrô e ônibus, não oferece sequer bancos para sentar. É muito pouco para lugares cada vez mais importantes na cidade e na vida das pessoas.
Mauro Calliari é administrador de empresas, mestre em urbanismo e consultor organizacional. Mantém o blog Caminhadas Urbanas no Estadão.