Alguns doam o seu tempo e compartilham suas habilidades, outros fazem doações de acordo com suas possibilidade: dinheiro vivo, vale-refeição e até mesmo cessão de espaço publicitário.
O que eu gosto neste tipo de movimento, não são as grandes máquinas com estruturas por vezes opacas, ou grandes shows midiáticos organizados para a auto promoção. Não! O que eu gosto é o compromisso individual.
E sim! Todo mundo tem a oportunidade de se levantar uma manhã dizendo que a seu modo pode fazer alguma coisa. Não é uma questão de riqueza ou de classe social, é apenas a expressão de uma vontade; é a tomada de consciência sobre a necessidade de uma ação concreta e imediata de solidariedade.
Mais solidariedade que pode ser estimulada e adotada
Neste sentido, há uma tradição napolitana de solidariedade, infelizmente, que caiu em desuso, mas que eu gosto bastante: trata-se do “Le Café Suspendu“. Em 1993, foi criado um sistema de solidariedade simples de implementar. A idéia era pagar cafés, além do seu próprio, para outras pessoas que não pudessem pagar por ele.
Infelizmente, dificuldades pessoais, a crise econômica e o aumento dramático do desemprego, em resumo, acabaram com esta bela iniciativa. O gosto que ficou disso foi a criação pelo prefeito de Paris em 2011, da promoção do dia anual do “Café Suspendu“ (café suspenso).
Regularmente, é dito que o conceito renasce aqui ou ali, e está se expandindo novamente. De tempos em tempos a internet ecoa. Existe até um site de e-commerce que assumiu a idéia. Frequentemente também é retomada pelos comerciantes. Infelizmente, as iniciativas são isoladas e duram pouco. No entanto, estou certo de que, se uma classe de profissionais, ou associação de moradores aderissem a tal operação, sua promoção seduziria muitos consumidores e tiraria a culpa dos envergonhados em pedir ajuda alimentar. Pois cá entre nós, a menos que se tenha virado profissional, não é tão fácil pedir ajuda.
O conceito é tão formidável que pode ser expandido para muitos bens de consumo e para a venda em comércio local: um refrigerante, uma bisnaga de pão, um sanduíche, um prato… O que já foi pago é exibido em um quadro ou lousa usada para controle e os tickets correspondentes são deixados a vista para garantir a honestidade do comerciante.
Não há necessidade de construir grande estrutura, nem mesmo uma entidade, e pagar custos operacionais desnecessários. O que poderia ser mais simples do que isso para ajudar as pessoas em risco de pobreza, estudantes, aposentados, desempregados e famílias pobres? Ou vamos ter que esperar o nascimento de outro Coluche para disparar a faisca que poderia acender o rastilho?
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Dirigente e consultor de empresas e escritor, Pascal Launay é especialista em direito econômico e social, conhecido por sua visão inovadora para a gestão de recursos humanos. Hoje, voluntariamente, aconselha empreendedores na criação e gestão de empresas. Ele também está empenhado na realização de um projeto para ajudar pessoas com doenças neurológicas graves.
Publicou os livros “Tomber et Renaitre“ (ABM Editions collection Témoignages), “Bien loin d’un matin calme“ (ed Thélès) e o policial noir “Secret Meurtrier”. Vai publicar em breve, o livro “Mon ABCdaire d’optimisme pour narguer la Sclérose en plaque” (Meu abecedário otimista para provocar a esclerose múltipla). Todos ainda sem tem tradução em português. Pascal passa a escrever no São Paulo São quinzenalmente.