Projetado pelo artista e designer Mark Reigelman, o parque infantil fica no extremo norte do Domino Park, uma área de recreação de seis acres ao longo da orla do Rio Hudson, aberto ao público no mês passado. O espaço verde é a atração principal em um projeto que está sendo desenvolvido pela empresa Two Trees Management, ao norte da Ponte Williamsburg, no local da antiga refinaria de açúcar Domino. O parquinho combina com a história da refinaria incorporando seus remanescentes industriais, incluindo tanques de coleta de xarope.
Agora, a vida anterior do lugar inspirou o design de Reigelman para o parque infantil. Conforme as crianças passam pelas três seções do parquinho, ele explicou, elas imitam o processo de refinamento. “A ideia é que uma criança entre como cana-de-açúcar crua”, disse Reigelman, “e saia na última parte do playground como melaço ou cubos de açúcar”.
Em termos práticos, isso significa que as crianças primeiro escalam uma rampa íngreme em direção a uma cabana, depois passam por uma série de túneis, escaladores, escorregadores e passarelas por meio de uma versão rudimentar do processo de fabricação. As placas evocam a refinaria e os elementos mecânicos emprestados do local incluem rodas de válvulas giratórias que foram fundidas a partir de originais da Domino Sugar.
Isso pode parecer um cenário chocante em meio a preocupações sobre os riscos para a saúde do açúcar e para a obesidade infantil. Mas, além das imagens, o equipamento para as brincadeiras é desafiador o suficiente para deixar claro que este é um lugar para queimar calorias, não consumi-las. É mais um programa de treinamento “American Ninja Warrior” do que uma turnê do Wonka. E o conceito de fabricação é tão sutil que é improvável que as crianças saiam de lá com um pirulito.
“Eu não quero que as crianças aprendam a fazer açúcar”, disse Reigelman.”O que as crianças devem aprender aqui é a linguagem, a dinâmica social, a fisicalidade”, acrescentou. “Como se mover pelo espaço e superar obstáculos desafiadores.”
O parquinho não fica longe do edifício principal da Domino Sugar, onde a artista Kara Walker instalou sua escultura de 15 metros de altura “A Subtlety, or the Marvelous Sugar Baby” (Uma sutileza ou o maravilhoso bebê açucarado) em 2014. Esse prédio está destinado a servir como espaço para escritórios, enquanto outras torres residenciais se erguem em torno dele.
Reigelman é mais conhecido por instalações públicas que fundem brincadeiras com a história, como a “The Meeting House” (Casa dos Encontros), uma casa em estilo quaker instalada no ano passado no Rose Fitzgerald Kennedy Greenway, em Boston.
Este foi seu primeiro projeto de parque recreativo, e ele passou horas em parques de Nova York, estudando o uso de materiais, o arranjo das linhas de visão e a disposição dos equipamentos. As regras dos parquinhos na cidade geralmente proíbem adultos sem filhos. Então, durante o processo de concepção, que começou há dois anos, Reigelman disse: “Eu tive que pedir emprestado filhos de amigos”.
Algumas semanas antes da abertura, eu acompanhei três críticos do parque infantil do Brooklyn – meus filhos, de 7, 5 e 2 anos – em um teste extenso do projeto do Reigelman. Eles pularam. Eles brincaram. Eles caíram. E então, depois de um lanche (saudável), pedi-lhes suas impressões.
“Wow!” Disse o mais velho.
“Wow!” Disse a sua irmã.
O mais novo segurou a língua, mergulhou de cabeça na entrada de um brinquedo e recusou vários convites para sair.
Eu agendei uma segunda visita uma semana depois. Os maiores elogios foram para a porção central do projeto de Reigelman, para as escadas que envolvem o silo de 6 metros de altura, o material de escalada com tela e o acesso para um escorregador que é muito mais íngreme do que parecia do lado de fora. No conjunto, os críticos concordaram, o espaço vale a pena e pode ser recomendado para um amigo.
Quanto ao Reigelman, ele não terá que emprestar mais testadores. Sua primeira filha nasceu há três meses. Quando ela tiver idade suficiente, ele a levará para ver o seu trabalho. Ele imaginou algo que ela poderia dizer: “Legal, pai, esta foi sua primeira tentativa. Nada mal, mas poderia ser melhor.”
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Por Daniel McDermon no The New York Times (Inglês). Edição São Paulo São.