Nos últimos anos, uma série de belíssimas exposições vêm contribuindo ainda mais para a difusão e a valorização do trabalho de Mira Schendel. Sua primeira grande retrospectiva, ‘Tangled Alphabets’, inaugurada no MoMA em 2009, já percorreu inúmeros países, inclusive o Brasil, sempre com enorme sucesso de public e crítica. Em 2011, o Instituto Moreira Sales e a Caixa Cultural, ambos em São Paulo, abriram seus espaços para seu trabalho. Em 2014, foi a vez da Pinacoteca do Estado de São Paulo que, em parceria com a Tate Modern de Londres e com a Fundação de Serralves – Museu de Arte Contemporânea do Porto, ocupou dois de seus andares com cerca de 300 obras de Mira, entre pinturas, desenhos, esculturas e instalações, todas realizadas entre os anos 1950 e 1987. No ano seguinte, a Galeria Frente inaugurou seu espaço, também em São Paulo, exibindo 148 obras da artista, algumas inéditas, incluindo monotipias, desenhos em papel de arroz e até bordados.
Não há como não reconhecer e não se apaixonar pelos trabalhos de Mira Schendel. Ninguém transmutou palavra em arte com tanta elegância, delicadeza e personalidade como ela. Mesmo artistas excepcionais como Léon Ferrari (que dividiu com Mira a retrospectiva ‘Tangled Alphabets’) ou Marcel Broodthaers, todos contemporâneos, não conseguiram unir, com tal beleza, forma e pensamento (corpo e alma, matéria e espírito), e proporcionar assim, por meio da contemplação de uma obra, reflexões profundas ao mesmo tempo em que prazeres tão infinitos.
Para saber mais:
– ‘Mira Schendel’, catálogo da exposição homônima, Galerie Nationale du Jeu de Paume, Paris, 2001.
– ‘Tangled Alphabets – Léon Ferrari and Mira Schendel’, Luis Péres-Oramas, MoMA & CosacNaif, 2009.
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Valéria Midena, arquiteta por formação, designer por opção e esteta por devoção, escreve quinzenalmente no São Paulo São. Ela é autora e editora do site SobreTodasAsCoisas e sócia do MaturityNow. *Texto editado e atualizado, a partir do original publicado no blog SobreTodasAsCoisas
