Moradores de rua contratados para fazer pesquisa

Moradores de rua de São Paulo vão entrevistar pessoas nas mesmas condições para uma pesquisa qualitativa sobre a vida de quem mora nos espaços públicos da cidade. Uma quipe de 15 recenseadores foi escolhida pelos próprios moradores de rua. A ideia é entender necessidades e reivindicações dessa população. A capital paulista tem 15.905 moradores de rua, segundo último censo.

A equipe foi escolhida por um comitê formado pelos moradores de rua e é formada por dez recenseadores e cinco suplentes que passam por um curso de formação com jornalistas de uma ONG para elaborar os questionamentos. Eles vão receber um salário mínimo mensal ao longo de um ano e devem iniciar o trabalho nas próximas semanas.

Na última quarta-feira, onze moradores de rua da equipe fizeram perguntas para o secretário de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo, Eduardo Suplicy. Em uma delas, o morador de rua questionou o que era direitos humanos.

Segundo a Secretaria, por meio de sua assessoria de imprensa, a ideia é fazer uma pesquisa qualitativa para entender melhor as necessidades e reivindicações dessa população. Com isso em mãos, a prefeitura deve elaborar uma política voltada ao tema.

O número de moradores de rua da cidade de São Paulo cresceu 10% nos últimos quatro anos e chegou a 15.905. O último censo, realizado em 2011, apontava 14.478 pessoas pelas ruas de toda a cidade.   O crescimento é superior ao do restante da população, mas caiu pela metade: de 5,14% na década de 2000 para 2,5% desde 2009.

Os dados fazem parte do Censo da população de rua da cidade, realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) entre 23 de fevereiro e 26 de março.

Para atender a população de rua, o prefeito Fernando Haddad instituiu o Comitê Permanente de Gestão de Situações de Baixas Temperaturas.

De acordo com decreto publicado no Diário Oficial, o comitê será formado por um representante da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, dois representantes da Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras, um da Coordenadoria Municipal da Defesa Civil, três representantes da Secretaria Municipal da Saúde, um da Guarda Civil Metropolitana, do Centro de Gerenciamento de Emergências, um da CET e um da Secretaria Municipal de Direitos Humanos.

O objetivo do Comitê é “minimizar os impactos das baixas temperaturas sobre a população em situação de rua, a qual dada sua fragilidade nutricional e de saúde, está sujeito a risco de morte por choque térmico”.

Segundo o censo, mais da metade dos moradores de rua passa as noites nas ruas da Subprefeitura da Sé (52,7%).  A segunda subprefeitura mais povoada por essa população é a da Mooca, com 11,5%, e a terceira é a da Lapa, com 5,6%.

A maior parte da população em situação de rua é do sexo masculino. São 13.046 homens (82%) e 2.326 mulheres (14,6%). Do total, 533 pessoas (3,4%) não tiveram o sexo identificado na contagem, por estarem dormindo ou cobertas.

A idade média dos moradores de rua é de 39,7 anos para aqueles que pernoitam em vias públicas e de 42,7 anos para os acolhidos na rede de assistência social da Prefeitura. Já a idade máxima é de 86 anos para o primeiro grupo e de 94 anos para o segundo.

A maior parte dos moradores de rua tem entre 31 e 49 anos. São 5.823 pessoas (36,6%) nessa faixa etária. Destes, 3.461 são acolhidos pela Prefeitura e 2.362 dormem em vias públicas.

De acordo com o censo, há 403 crianças de até 11 anos em situação de rua. Destas, 370 são atendidas por serviços da Prefeitura.

Cíntia Acayaba – G1 São Paulo. 

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