Tem sido visto que as transmissões entre humanos apresenta tempo de incubação entre 2 e 10 dias, propagando-se por gotículas expelidas através de tosses e espirros, por mãos ou superfícies contaminadas. Para se ter uma ideia, uma única tosse pode produzir até 3 mil gotículas e, segundo um estudo realizado por virologistas nos Estados Unidos, o vírus pode sobreviver por até três horas após ser expelido em gotículas no ar. Quando estas chegam às superfícies, como paredes, roupas, móveis e outros objetos, o vírus possui comportamentos distintos de acordo com o material da superfície.
Como é possível observar nesses gráficos, o Sars-Cov-2 (nome correto do Coronavírus que vem causando a pandemia) permanece vivo em superfícies plásticas e de aço inoxidável por cerca de 72 horas. Em superfícies de cobre, no entanto, o vírus apresenta um comportamento distinto, morrendo após 4 horas. Em superfícies de papelão o vírus permanece por cerca de 24 horas, o que acende um grande alerta quanto aos itens entregue pelo correio ou serviços de delivery.
Outro estudo científico fez um apanhado de 22 artigos acerca da persistência de todos os tipos de coronavírus, mas ainda sem dados sobre o próprio SARS-CoV2, por este ser uma mutação recente. Os resultados mostraram que, enquanto em superfícies de vidro ou madeira o vírus pode permanecer por até 4 dias, em outras de alumínio ele ficará vivo por cerca de 8 horas. Mas o mais importante é que a pesquisa mostrou que os coronavírus podem ser inativados em um minuto desinfectando as superfícies com álcool ou 0,5% de água oxigenada ou água sanitária contendo 0,1% de hipoclorito de sódio, os quais não deixam de ser produtos de limpeza doméstica comuns.
Em situações como essa sempre acabamos nos indagando de que forma nossa profissão pode contribuir. A arquitetura hospitalar já segue padrões de projeto que evitam, ao máximo, a proliferação de possíveis patógenos em suas superfícies e sistemas. Buscar incorporar alguns dos seus preceitos para projetos com outras tipologias pode ser algo a ser considerado em tempos de euforia, como esse. Mas é sempre importante lembrar que recursos naturais e gratuitos, como o sol e o vento, podem tornar os ambientes muito mais saudáveis de uma forma natural e passiva. Ou mesmo pensar em materiais autolimpantes, que podem reagir automaticamente e matar vírus e bactérias, pode ser um exercício positivo para antecipar novas pandemias no futuro. As possibilidades são infinitas, e a única certeza que temos é que é em tempos de crise que as melhores idéias aparecem.
Referências
- Persistence of coronaviruses on inanimate surfaces and their inactivation with biocidal agents. Disponível neste link.
- Aerosol and Surface Stability of SARS-CoV-2 as Compared with SARS-CoV-1. Disponível neste link
- Natural Ventilation for Infection Control in Health-Care Settings. Disponível neste link
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Por Eduardo Souza no Arch Daily.