Por que Lisboa é a nova capital criativa da Europa

Em 2008, Lisboa ganhou os holofotes da imprensa internacional em razão da crise econômica que impactou Portugal desde então. Depois da recessão, o governo português investiu parte dos escassos recursos na economia criativa. Deu certo: menos de dez anos depois, para além de ser o país da moda no turismo, Portugal viu a sua capital se transformar num polo de artistas, pensadores e criadores do mundo todo nos últimos anos e agora recebe atenção mundial em razão do seu “renascer”.

A cidade é inclusive apontada pela imprensa internacional como “a nova Berlim“. Tudo isso graças a alguns fatores que o Nexo listou: aluguéis a preços acessíveis, baixo custo de vida e um cenário fértil para startups estão atraindo jovens criativos para a capital portuguesa.

Entenda porque Lisboa tem atraído tanta gente

Os músicos Marcelo Camelo e Mallu Magalhães se mudaram para Lisboa em 2013. Lá, se aproximaram de um velho amigo – o baterista Fred Pinto Ferreira, de projetos portugueses prestigiados, como o Buraka Som Sistema e o Orelha Negra. Juntos, o trio formou a Banda do Mar e lançou um disco de mesmo nome. Gravado na capital portuguesa, Banda do Mar tem muito da própria cidade, disse Mallu em uma entrevista.

Lisboa parece ter a mistura ideal entre o velho e o novo na arquitetura, uma cena cultural efervescente, incentivos para empresas jovens inovarem, custo de vida baixo e outros fatores mais subjetivos – alguns dizem que a luz da cidade é inconfundível e inspiradora.

“Há músicos criativos, figuras da moda e grandes referências da literatura que fazem essa capital mais charmosa, histórica e especial”, conta Priscila Roque, editora do site Cultuga, que estuda as intersecções da cultura brasileira e portuguesa.

Há quem defenda até que Lisboa é a próxima Berlim. Mas ao contrário da capital alemã, que não passa por problemas financeiros, Lisboa ganhou os holofotes em razão da crise econômica que impactou Portugal desde 2008. Depois da recessão, o governo português investiu parte dosescassos recursos na economia criativa. Deu certo. Lisboa se tornou um polo de artistas, pensadores e criadores do mundo todo nos últimos anos.

O movimento fez com que a prefeitura da cidade lançasse recentemente um manual do imigrante e um portal para orientar aqueles que desejam mudar para lá.

O custo de vida é baixo

Foto: Jennifer Wu Flickr CC

Neste ano, Lisboa caiu 51 posições no ranking das cidades mais caras do mundo e está no 145º lugar, o que a torna atraente para expatriados.

Incentivo para startups e polos tecnológicos 

(Imagem: Divulgação Lx Factory)

 Lx Factory. Foto: Divulgação.

Uma iniciativa conjunta da prefeitura de Lisboa com empresas privadas lançou em 2013 o projeto Startup Lisboa, uma aceleradora de empresas jovens que oferece estrutura e aconselhamento para empresários na cidade. Além disso, a Web Summit, o maior encontro mundial na área de tecnologia na web, migrou de Dublin, sua cidade natal, para Lisboa este ano – e pelos próximos.

Cena cultural efervescente

(Imagem: Rock in Rio , via Flickr CC)

Rock in Rio Lisboa / Flickr CC.

Uma espiada breve no calendário de festivais da cidade mostra dezenas de eventos: de apresentações de musical tradicional portuguesa a shows internacionais, passando por exibições de arte e workshops. No verão, então, a oferta de programas culturais – muitos de baixo custo ou gratuitos – aumenta.

A cidade é tomada por arte urbana 

O lisboeta Vhils tem painéis em Lisboa, como esse da foto, e em cidades como Las Vegas, Paris, Berlim e Hong Kong

O lisboeta Vhils tem painéis em Lisboa, Las Vegas, Paris, Berlim e Hong Kong. Foto Stick2 / Target. 

 

Artistas como Alexandre Farto, o Vhils, acabaram criando uma nova linguagem para a arte urbana da cidade nos últimos anos e atraíram outros grafiteiros para acena lisboeta. 

A cidade é acolhedora

(Imagem: www.GlynLowe.com , via Flickr CC)

 Centro de Lisboa. Foto: GlynLowe / Flickr CC.

Um ranking de 2012 colocou Lisboa ao lado de Nova York e Tóquio no quesito qualidade de vida. É uma das 50 melhores cidades do mundo para se viver, de acordo com a consultora Mercer. Os critérios levam em conta fatores como o ambiente social e político da cidade, os serviços públicos, habitação e bens de consumo. 

O inverno ameno para uma capital europeia ajuda nesse quesito – a cidade dificilmente tem mínimas abaixo de 9ºC. Além disso, um estudo de 2015 do MIPEX mostra Portugal em segundo lugar numa lista de países mais acolhedores com imigrantes. 

A luz de Lisboa

(Imagem: George Lyra , via Flickr CC)
Visão do Tejo ao entardecer. Imagem: George Lyra , via Flickr CC)
 
Ao longo da história, a luz de Lisboa tem sido inspiração para fotógrafos, cineastas, músicos, poetas e escritores, que juram que tem algo de especial no céu da cidade. Mais recentemente, o tema originou uma exposição por lá, chamada “A Luz de Lisboa”. Inaugurada em setembro, a mostra está exibindo obras que destacam a luz da cidade.

As palavras podem não ser suficientes, mas a física tem argumentos para explicar. Lisboa está virada para o rio Tejo. A topografia da cidade, a paisagem e a localização garantem longas horas de luz solar aberta, rara em cidades grandes e com prédios altos. Os ventos característicos da região ajudam a manter o céu claro na maior parte do ano.

Tem mais: o calcário, material que predomina nos prédios da capital, as cores claras nas paredes dos prédios, além dos azulejos nas paredes e da própria água do Tejo ajudam a refletir a luz do sol e criar a atmosfera que a exposição destaca.

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Com informações Bruna Riboldi / Conexão Lusófona e  Ana Freitas / NEXO.

 

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