Por que vale a pena comprar vegetais ‘imperfeitos’?

Em supermercados do mundo todo, os vegetais ‘imperfeitos’ são preteridos por comerciantes e produtores. Frutas, verduras e legumes com manchas, arranhões, formatos ou tamanhos diferentes são descartados por serem mais difíceis de vender – e acabam estragando na prateleira.

No Brasil, estima-se que todos os anos sejam desperdiçadas mais de 26 milhões de toneladas de alimentos – 45% dessa quantidade vai para o lixo ainda no hortifruti. No Reino Unido, estima-se que 40% da produção in natura é rejeitada pelas redes de supermercados só pela aparência do alimento, se ele tem uma forma ou uma coloração diferente do tradicional.

Mas o problema está só na aparência: vegetais “feios” são tão saborosos ou nutritivos quanto qualquer outro. Além disso, estes alimentos engrossam o volume gigantesco de comida que acaba desperdiçada ou estragada no mundo. Cerca de um terço de toda comida produzida todos os anos para consumo humano acaba no lixo, mesmo estando apta para consumo.

Nos últimos anos, iniciativas em países como Reino UnidoJapãoFrançaPortugalEspanha e Brasil surgiram para incentivar o consumo desses alimentos ou criar um canal direto de vendas entre consumidores que não se importam com a aparência dos vegetais e fornecedores que não querem mais desperdiçar parte da produção.

Frutas e legumes ‘estragados’. Reprodução: Ultra Curioso.

“Conhecendo melhor a operação de diversos produtores verificamos que os principais problemas estavam relacionados ao escoamento da produção excedente (durante as safras) e aos produtos fora de padrão. Vimos o quanto era desperdiçado devido ao padrão puramente estético imposto pelo varejo” Roberto Fumio Matsuda, criador do projeto Fruta Imperfeita, em entrevista ao Instituto Akatu.

Justamente porque as frutas e verduras “feias” são recusadas pelos supermercados porque vendem menos, o preço delas cai. No projeto brasileiro Fruta Imperfeita, que estreou em novembro de 2015, a caixa de vegetais acaba custando até 50% menos do que em alguns supermercados. Um pacote com seis variedades diferentes, com 500 gramas de cada, custa R$ 12.

Iniciativas do tipo também ajudam a reduzir o desperdício e aumentar a eficiência da produção alimentícia – no fim da cadeia produtiva, isso gera uma economia de insumos e de poluentes que é positiva para o meio-ambiente.

Desde 2013, o projeto português Fruta Feia, por exemplo, já evitou que 180 toneladas de comida em perfeitas condições de consumo fosse para o lixo.

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Ana Freitas no NEXO Jornal.

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