Uber, Airbnb e a economia criativa

Fundado em 2009, o Uber chegou ao Brasil somente em 2014. Foram cinco anos para que o país entrasse no foco dessa bilionária startup californiana. Mas, como era esperado, já está causando barulho aqui nas terras tupiniquins. Assim como foi em Nova Iorque e Berlim, os taxistas de São Paulo se manifestaram contra o transporte clandestino. Foram às ruas, uniformizados, reclamar contra os motoristas que fazem transporte sem serem credenciados para tal.

A história sempre se repete. Em abril de 2014, o estado de Nova Iorque, através de seu representante legal, entrou com ação contra o Airbnb. A alegação é que a plataforma vai contra a legislação vigente para alugueis e ainda abre espaço para sonegação de impostos. O fato é que a chamada “economia do compartilhamento” veio para ficar. Transporte e estadia são os serviços mais óbvios, mas muitas outras plataformas surgirão rapidamente.

Quando será que os restaurantes vão se manifestar contra o eatwith? Talvez os donos de restaurantes ainda não saibam dessa plataforma, mas com certeza vão saber. É assim que novas empresas e tecnologias surgem e mudam o mundo.

Por trás das três plataformas de compartilhamento (Uber,Airbnb e Eatwith) existem várias características que as tornam competitivas contra o status quo, isto é táxis, hotéis e restaurantes. Todas três possuem o feedback instantâneo para o serviço prestado. Isto é, saiu do Uber, você classifica como foi sua experiência. Isso faz com que a plataforma controle a qualidade. Esse controle de qualidade não acontece com um táxi.

Quando você vai escolher uma estadia pelo Airbnb, você tem acesso à pontuação e aos feedbacks escritos dos últimos hospedes. Como estava a cama? Qual a qualidade da temperatura da água no banheiro? Para ter esse tipo de feedback para hotéis, precisa-se ler vários posts do TripAdvisor, e mesmo assim corre o risco de ter o azar de ficar no único quarto cujo ar-condicionado faz barulho.

Ano passado viajei com a família para Toronto (Canadá) e fiquei hospedado num Airbnb. A experiência foi sensacional. Nosso anfitrião, um rapaz do Cazaquistão casado com uma russa, todos os dias no final da tarde, passava em nosso apartamento para ver se estava tudo certo. Uma noite nos convidou para jantar. Contou como gosta do Brasil. No Cazaquistão ele tinha um programa esportivo de rádio, e adorava falar de jogos de futebol da seleção brasileira. Contou que se mudou para o Canadá para buscar uma vida melhor. Disse que morar em Toronto é sensacional e que os negócios da família vão muito bem.

Negócios da família? Pois é, meu anfitrião possui 5 flats alugados, pelos quais ele paga todo mês. Todos no mesmo prédio onde mora. Os 5 flats ele realoca através do Airbnb. E assim ele vive. Saí do jantar impressionado. As novas tecnologias estão aí para mudar a vida de todos, para melhor, ou pra pior. Importante saber de qual lado você quer estar.

Voltando ao assunto dos taxistas de São Paulo, a discussão contra o Uber vai se resolver, e creio que ambos coexistirão. A maior ameaça não é o Uber. Há duas semanas estive no Vale do Silício, Califórnia, região onde se encontram as sedes de Apple, Facebook e Google. É nessa região, mais exatamente em Mountain View, que nesse verão americano, estarão rodando nas ruas os carros autônomos. O governo autorizou.

Creio que antes do final desta década o transporte público será muito, muito diferente do que é hoje. Os carros autônomos terão seu computador de bordo aberto para download de softwares. Os felizes donos de um carro autônomo poderão ir ao trabalho ouvindo música e lendo jornal, no ipad é claro. Ao chegar ao trabalho, ligarão o modo “Uber” do carro, ou quem sabe o modo “99taxis”. Assim o carro seguirá na cidade transportando passageiros. O dono do carro autônomo não vai precisar de garagem no trabalho nem em sua casa, pois o carro ficará no modo compartilhamento enquanto seu dono não precisar usá-lo. Quando a bateria do carro estiver pra acabar ele vai se auto-abastecer via indução nos postos do futuro, e depois continuará sua jornada. Dica aos taxistas: ainda faltam 5 anos até o final da década, dá tempo de buscar novos desafios de carreira.

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Henrique Von do Amaral para o InnovationInsider / IBM.

 HeENRIQUE VONHENRIQUE VON DO AMARAL DO AMAR

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