A lenda do Panda e da Tartaruga

Dia desses um amigo me perguntou:
 
– Você já assistiu ao desenho Kung Fu Panda?

– Sim, respondi, vi com meus filhos, mas já faz algum tempo.

– É mesmo? Então me conta o que achou do diálogo entre o Mestre Oogway  e o urso Po, no momento em que o panda cogitava desistir de se tornar um guerreiro do Kung fu?
 
A mesma curiosidade que mata o gato, cria impulsos insanos.  E foi investido dessa qualidade que vi o filme tão rápido quanto foi possível.
 
Mestre Oogway é uma  tartaruga ancestral, líder espiritual do Vale da Paz. Po, para quem não assistiu, é um panda desastrado, inseguro, compulsivo e além disso, filho de um pato. Nunca se deu conta que fora adotado.
 
O encontro entre os dois acontece sob um pessegueiro sagrado. O urso está chateado com o resultado do seu dia e afoga sua frustração em dezenas de pêssegos, que come compulsivamente. O diálogo se dá da seguinte maneira:
 
Mestre Oogway com a palavra:
 
– Você está preocupado demais com o que foi ou com o que será. Existe um ditado que diz: “O passado é história, o futuro é um mistério, o hoje é uma dádiva, talvez por isso que se chame presente “.
 
O urso fica paralisado com a revelação, que apesar de óbvia traz a verdade absoluta. A tartaruga vira as costas e desaparece.
 
O silêncio tomou conta da tela, e o lado de cá emudeceu. 
 
A obviedade da mensagem é avassaladora. Contudo, cabe aqui um questionamento igualmente óbvio:
 
Quem neste momento tem a clareza para entender o real valor do agora sem que a batalhas do jogo interno, cedam espaço para o jogo externo estabelecendo um escalar constante em um pessegueiro noturno?
 
Outro dia, na fila do banco, a conversa entre duas pessoas na minha frente me remeteu ao perfume do pêssego:
 
 – Por mim essa fila poderia demorar bastante.
 
– Por que isso?
 
– Porque não quero voltar para o escritório. Por mim só voltava na hora de ir embora.
 
– Mas o que está acontecendo?
 
– Meu chefe foi embora e com o chefe novo não consigo me relacionar. Passo os dias lembrando como era bom trabalhar naquele lugar ou pensando em como mudar de trabalho. Então eu só enrolo. Tudo é pretexto para sair do escritório. Começo meu dia pensando na hora de ir embora. Mas, se Deus quiser, logo arrumo um outro emprego e tudo melhora. 
 
O que está em jogo nesses diálogos é a PRESENÇA.
 
Você já parou para pensar qual é o tipo de trabalho que a pessoa da fila poderia conseguir agindo dessa maneira? A probabilidade de mudar para um emprego pior é muito grande você não acha?
 
Abusando do lugar comum,  o futuro se constrói no agora. O presente é um estado intermediário, sua natureza é dinâmica. O que você tem pra fazer, deve ser feito já, e tem que ser a melhor coisa que você poderia fazer,  não importa onde esteja.
 
Respondendo a pergunta do meu amigo, Mestre Oogway é uma liderança, seu papel é instigar Po a encontrar o caminho para se tornar um guerreiro.
 
Blá, blá, blás à parte, estar presente é estar engajado no agora. E o agora, não importa qual seja ele, é a sua grande oportunidade.
 
Sabe por quê?
 
“… O passado é história, o futuro é um mistério, o hoje é uma dádiva, talvez por isso que se chame presente “.
 
 ***
Adi Leite é Coach, fotógrafo e jornalista.
 
 

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