A ordem é partilhar

E o patinete? Não, não aquele simplesinho que entraria na categoria dos brinquedos a serem emprestados para o amiguinho do colégio. Estou falando de um elétrico, capaz de transportar pessoas por longas distâncias sem qualquer esforço. Eles, que aqui em Portugal são chamados trotinetes, vão estar disponíveis para quem quiser pilotar pelas ruas de Lisboa, inicialmente. Trata-se de um projeto novo aqui, recém-aprovado pela Câmara Municipal, de serviço de partilha de trotinete, a exemplo do que já existe com as bicicletas, scooters e mesmo carros. Os “brinquedinhos” devem estar disponíveis ainda este mês, assim que forem definidas as áreas de livre circulação e com restrições. Uma das principais diferenças em relação às outras modalidades de transportes compartilhados, é que não deverá haver locais definidos para pegar ou deixar os patinetes. Ou seja, cada um deles será rastreado e poderá ser deixado e acessado em qualquer ponto da cidade. A experiência não é nova em outras importantes cidades da Europa, como Zurique, Berlim, Paris e Frankfurt, e dos Estados Unidos, como São Francisco, onde já há uma verdadeira guerra entre empresas que lideram esses projetos de mobilidade e algumas queixas pelo excesso de patinetes pelas ruas e calçadas.

A start-up Iomo vai entrar na concorrência e disponibilizar 50 trotinetes em Lisboa. Foto: Iomo / Divulgação.

A estreia em Lisboa seguirá o modelo adotado nas outras cidades, em que tudo é feito pelo telefone celular, ou melhor, telemóvel, como é falado por aqui. Por meio de um aplicativo, é possível saber a localização exata do patinete disponível mais próximo, reservar, e sair se equilibrando com rapidez. O pagamento também é feito online e deve ficar em 1 euro pela taxa inicial e mais 15 centavos por minuto de uso, algo como 70 centavos do nosso Real. E quem vai cuidar de “abastecer” as trotinetes? Este é mais um ponto interessante do projeto, que prevê o envolvimento de pessoas interessadas em “adotar” os patinetes e cobrar pelo serviço de carregamento das baterias. É simples: o interessado se inscreve em uma plataforma digital e pode passar a ser um dos responsáveis por recolher os patinetes que estiverem sem bateria espalhados pela cidade. Devem usar o próprio carro para levar os patinetes para casa e deixar carregando a bateria durante a noite. No dia seguinte, devolvem com o “tanque” cheio para pontos definidos na cidade. E ganham por esse serviço de recolha e carga das baterias. Os interessados podem se inscrever no site https://web.limebike.com/juicer. E ao que tudo indica, Lisboa será apenas a porta de entrada das trotinetes. Cidades como Porto, Braga e Aveiro já informaram que estão estudando a viabilidade da iniciativa.

A rede Emov tem 150 veículos elétricos disponíveis no sistema de car sharing em Lisboa. Foto: Emov / Divulgação.

As trotinetes juntam-se aos automóveis elétricos, que já são compartilhados em Portugal há mais tempo. O projeto mais recente, lançado no primeiro semestre deste ano, colocou nas ruas de Lisboa 150 novos automóveis elétricos, que podem ser alugados também por meio de um aplicativo e tem um custo em torno de 21 centavos de euro por minuto (pouco menos de 1 Real). No caso dos automóveis, porém, o carregamento das baterias é feito pela própria empresa.

E há também as scooters elétricas, igualmente compartilhadas pelas ruas de Lisboa. Quem tiver interesse, segue as mesmas orientações: baixa o aplicativo, localiza as motinhos, reserva, pilota e paga pelo tempo utilizado. No caso das scooters, o interessado tem direito também a dois capacetes. E elas são como os patinetes. Podem estar em qualquer ponto da cidade e são localizados por meio do aplicativo. Cada moto tem autonomia de 45 km e há equipes em contínuo trabalho de manutenção e troca das baterias. O valor é muito próximo daquele pago pelo aluguel dos carros, de 24 a 29 centavos por minuto (pouco mais de 1 Real), dependendo do seguro escolhido na tarifa.

Plataforma de compartilhamento de scooters elétricas chega a Lisboa, depois da estreia em Barcelona. São 170 scooters espalhadas pela cidade. Foto: eCooltra / Divulgação.

Mas junto com todas as alternativas movidas a bateria, há também aquelas que dependem de força nas pernas, as boas e velhas bicicletas (sim, há também as bikes elétricas, para quem não quer fazer muita força). Na maior parte das cidades portuguesas há iniciativas de magrelas compartilhadas. Na capital portuguesa, o projeto chama-se Gira Bicicletas de Lisboa. E funciona como o que conhecemos em São Paulo, por exemplo, onde as bicicletas são retiradas em estações específicas, liberadas por meio do aplicativo do celular e pagas pelo tempo de uso. Há a possibilidade de comprar passes anuais, ideais para os residentes, ou diários, para quem está só de passagem pela cidade.

Mas quer pegar uma bike compartilhada e não pagar nada? Também pode. É só vir pedalar aqui na minha pequena Ovar, cidade com mais de 60 km de ciclovias. As bicicletas oferecidas pela Câmara Municipal estão disponíveis para qualquer interessado, espalhadas por alguns pontos da cidade. Basta um rápido cadastro para pegar a chave do cadeado e sentir o vento no rosto.

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Marcos Freire mora com a família em Ovar, Portugal, pequena cidade perto do Porto, conhecida pelo Pão de Ló e pelo Carnaval. Marcos é jornalista, com passagens pelas principais empresas e veículos de comunicação do nosso país. Escreve quinzenalmente no São Paulo São.

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