No musical “Cartola – O mundo é um moinho”, a sua trajetória é ressaltada num espetáculo que valoriza o seu talento de compositor e as singularidades de ser humano, de quem viveu para o samba e para a sua Estação Primeira de Mangueira.
Numa história de altos e baixos, o jovem Angenor de Oliveira não teve vida fácil, mas foi acolhido por duas mulheres fortes, que souberam lidar com o seu jeito boêmio de ser. A primeira, Deolinda, faleceu subitamente de problema cardíaco, e a segunda, Dona Zica, parceira dedicada, com quem se casou formalmente depois de viverem juntos por muitos anos.
Na sua biografia também mereceu destaque o “conselheiro” e amigo fiel, Carlos Cachaça, parceiro de sambas e de botequins, e que esteve ao lado de Cartola em todos os momentos.
Com mais de duas horas de duração, o musical é uma bela homenagem ao nosso poeta mangueirense. Vale destacar as excelentes interpretações dos quatro personagens centrais: Flávio Bauraqui (Cartola), Adriana Lessa (Deolinda), Eduardo Silva (Carlos Cachaça) e Virginia Rosa (Dona Zica); os talentosos atores que formam o elenco de apoio, e banda que, do mezanino, toca as músicas.
Na última sexta-feira o Teatro Sérgio Cardoso estava lotado. O público introvertido quase não cantou as músicas mais conhecidas. Tudo bem, talvez a plateia tenha preferido o silêncio da emoção, o que é perfeitamente compreensível quando se escuta as poesias de Cartola. Por aqui, fico. Até a próxima.
Serviço
Cartola – O mundo é um moinho
De Artur Xexéu, direção de Roberto Lage e idealização de Jô Santana.
Sextas e segundas às 20h, sábados às 21h e domingos às 18h.
Duração: 150 min (com intervalo de 15 min).
Atores principais: Flávio Bauraqui, Adriana Lessa, Eduardo Silva e Virginia Rosa.
Classificação indicativa: 12 anos.
Onde: Teatro Sérgio Cardoso, Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista, até 31/10/2016, telefone: 11 – 3288-0136.
Leno F. Silva é diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.