O GZA acha que falta lirismo no rap, mas se depender do Emicida, o Brasil não sofre desse problema. “Boa Esperança”, novo single do rapper, pintou nesta quarta (24) no YouTube com uma letra pesadíssima. “Cês diz que nosso pau é grande/ Espera até ver nosso ódio”, manda Emicida na música, um hino dedo na ferida (como é típico dele) sobre o racismo.
A faixa traz no título referência a um navio negreiro do livro “A Rainha Ginga”, do angolano José Eduardo Agualuza.Ainda sem título definido, o disco tem conexão direta com a África, com partes gravadas em Cabo Verde e Angola. O lançamento está previsto para o início do segundo semestre. Ele passou uma temporada na África para gravar com instrumentistas e cantores locais em estúdios em Praia (Cabo Verde) e Luanda (Angola), e finalizou o álbum em São Paulo.
Em “Boa Esperança”, Emicida canta na companhia do rapper J Ghetto. Racismo, violência policial e referências a países da África são alguns temas abordados na faixa em tom combativo. “Já viu eles chorar pela cor do orixá? / E os camburão o que são? / Negreiros a retraficar / Favela ainda é senzala jão / Bomba relógio prestes a estourar”, diz o trecho final da música.
O áudio original: https://youtu.be/s96Xp0EmfDw
Já o clipe, gravado em um casarão na Zona Sul de São Paulo, será lançado, no Music Video Festival (m-v-f-), no dia 7 de junho, durante a cerimônia de encerramento do festival, no MIS, em São Paulo.
Na trama, empregadas domésticas se revoltam contra as injustiças cometidas por seus patrões e armam um motim que se estende por todo o país. Emicida interpreta o vigia da mansão. A mãe do rapper, Dona Jacira, também está na produção, como uma das empregadas, acompanhada de Domenica e Jorge Dias – filhos de Mano Brown – e da modelo Michelli Provensi. “Boa Esperança” foi gravado nessa semana e tem direção de João Wainer e Katia Lund (de “Cidade de Deus”).
Com informações de Taís Toti / Noisey, Catraca Livre e Bárbara Tavares, Glamurama.