Estimular a cultura de paz é um antídoto contra a violência

Onde está a violência? Nesse nosso mundo a violência está banalizada. Virou produto, mercadoria, estampada nas páginas de jornal e de revistas; em imagens coloridas das TVs e da internet, e nos programas radiofônicos mais sensacionalistas.

A violência está nas diversas classes sociais. O que varia é a sutileza ou não da sua manifestação. Se todo o ser humano nasce bom e é a sociedade que o transforma, escolhemos uma terrível pedagogia. A violência não se faz presente apenas em crimes covardes, como o de um grupo de policiais que espancou um motoqueiro até a morte ou do assassinato recente do cartunista Glauco e de seu filho Raoni. Na semana passada, duas mulheres brigaram no ônibus lotado por um lugar para sentar. Enquanto isso, duas outras passageiras discorriam sobre a validade dos bancos reservados para idosos, gestantes e pessoas com deficiência. Uma delas disse que não respeitava a preferência do idoso porque o ônibus sempre estava cheio e, se o vovô (ou a vovó), não agüenta ficar em pé, deveria esperar o próximo coletivo ou não sair de casa.

O recorte dos acontecimentos citados não pode ser generalizado. Considerando as dimensões do Brasil é muito provável que, todos os dias, tenhamos muito mais exemplos de boas iniciativas do que de péssimos acontecimentos. Mas parece que fazer o bem não vende e não atrai audiência. Os principais veículos de comunicação reservam horários nobres para mostrar violências e tragédias e, quase sempre, deixam para as madrugadas a apresentação de programas mais educativos, com bons exemplos para inspirar.

Por outro lado, o nosso modelo de sociedade pouco instiga a cooperação. O mote disseminado é o da competição feroz, por meio da qual, você só será bem-sucedido se vencer todos os seus concorrentes. Num filme europeu que assisti há alguns anos um pai de família desempregado levou isso ao pé da letra, assassinou os demais candidatos e conseguiu o emprego. Nesse contexto, somos todos potenciais inimigos e devemos usar dos diversos recursos para vencer o outro. Mas o que é vencer? Qual a sensação de conquistar algo e saber que centenas ou milhares de pessoas com necessidades parecidas e desejos semelhantes ficaram de fora? Como garantir condições de trabalho que ofereçam dignidade aos demais competidores?

Estimular a cultura da não violência; cultivar a vida em harmonia, e disseminar valores como cooperação e solidariedade, talvez sejam formas de construirmos uma outra plataforma social. Além disso, é preciso mudar o foco da comunicação, principalmente a de massa. Toda violência deve ser punida e repudiada na exata medida. Toda boa iniciativa deve ser valorizada e ampliada para se multiplicar. Com tanto conhecimento, tecnologia e recursos financeiros; é razoável considerar que temos a responsabilidade de deixar para as próximas gerações um mundo com esperanças e regido pela paz. Por aqui, fico. Até próxima.

***
Leno F.Silva é diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.

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