Medellín soma bondes modernos ao seu sistema de transporte

Hoje, a capital de Antioquia dá um novo passo em sua liderança nacional nos sistemas de transporte urbano ao inaugurar o bonde ‘Ayacucho’, que custou 300 milhões de dólares, foi fabricado na França e terá 60 vagões para percorrer 4 quilômetros na cidade.
 
A obra, que se soma ao metrô, ao ‘metrocables’ e ao sistema de ônibus articulados, começou em setembro de 2013, com alguma incerteza, já que muitos não acreditavam que, em apenas dois anos, seus 1.000 trabalhadores conseguiriam terminá-la.
 
A verdade é que os prazos foram cumpridos e o moderno bonde, que circulará a 30 quilômetros por hora (em média) poderá ser visto a partir de hoje das varandas e terraços da Rua 49 de Ayacucho, onde circulou o último bonde há 64 anos.
 
Como uma homenagem a esta área de ruas íngremes no leste da cidade, a partir das 8 da manhã até as 2 horas da tarde, os seus moradores serão os primeiros a entrar no veículo, impulsionado por energia elétrica através um trilho central.
 
Estudantes de instituições próximas, líderes e vizinhos terão este privilégio no domingo, 18 de outubro, dia em que o sistema de transporte faz uma pausa. Vão ter seu primeiro contato com o novo bonde de Medellín que seguirá com suas atividades dia 20 de outubro, quando o sistema abrirá suas portas gratuitamente para toda a cidade durante um mês.
 
Por razões operacionais, até 30 de novembro, o caminho destes trens ligeiros começa a partir da estação de metrô de San Antonio, no centro e segue até Miraflores, no centro de Ayacucho. O percurso será estendido depois para a estação Oriente, onde nasceu, em março 2016, a Linha H, cujo destino final no bairro de La Sierra carrega ainda a fama de seu passado “violento”.
 
Para além do impacto social, da redução dos custos de transporte e da maior velocidade nos deslocamentos, nas palavras de Claudia Restrepo, gerente do Metrô de Medellin, a alternativa torna-se importante porque é um exemplo de mobilidade sustentável.
 
“A mobilidade sustentável é um conceito que temos de interiorizar nas cidades, pois ele coloca o ser humano no centro de todas as obras voltadas para o transporte e para o espaço público além de trazer de volta, ar limpo para respirar”, disse Restrepo. O novo bonde Ayacucho Medellin transformou um corredor que vai mobilizar todos os dias 80.000 pessoas que não tinham acesso ao transporte de massa. A área envolvido terá cerca de 113.174 metros quadrados de novos espaços públicos e áreas verdes. Enquanto isso os pedestres e as bicicletas vão ser avaliados em sua cultura cívica ao interagir com esses novos veículos.

O fato do bonde Ayacucho ter o seu próprio caminho e ser compartilhado com aqueles que utilizam o transporte alternativo e limpo sugere para Allen Morrison, um americano que estudou a história de 17 ferrovias da América Latina, que é ele “único e inovador”.
 
De acordo com Morrison, “nenhuma das linhas deste tipo no mundo foram concebidas dessa forma. A exclusividade na rota será outro primeiro ponto para Medellin. Por isso, e porque será o primeiro do tipo Translohr (com pneus de borracha e uma faixa) a se tornar operacional na América Latina ele intui que “o modelo poderá ser estendido por toda a Colômbia e vai atrair especialistas e aficcionados da América do Norte, Europa e Oriente”.
 
Assim também avalia Joseph Stalin Rojas, diretor do Centro de Logística, Mobilidade e Território da Universidade Nacional. Para ele, Medellín sai na dianteira neste modelo de sistemas integrados de transporte.
 
Rojas acredita que mais cedo ou mais tarde, Cali, Barranquilla e Bogotá terão que pensar nesta modalidade de bonde para seus sistemas de transporte. A chave, segundo ele, é que os novos projectos de mobilidade devem ter coerência com as políticas públicas e promover a união dos setores políticos e empresariais.
 
Para Restrepo, após a inauguração deste novo sistema de transporte virão novos desafios. Um deles é como ligá-lo à estação ferroviária em San Antonio, com dois cabos e as estações do Metroplus (ônibus articulados) o que vai envolver um planejamento muito detalhado para evitar atrasos na linha central. E a outra é como ele se manterá rentável e como será assimilado na vida diária da cidade. Para ambos os desafios, o metrô tem o plano de mobilidade urbana e cultura cívica.
 
Mas para Martin Arroyabe, um instrutor que treinou os motoristas de bondes elétricos nos anos 60, a chave para o sucesso será o amor que Medellin terá para com o novo sistema, como fez há 20 anos com o seu metrô.
 
 
Com informações do jornal El Tiempo. Tradução: redação São PauloSão.
 
 

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