Os dois casais de amigos uniram-se para empreender. Todos são paulistas, menos o Junior que é mineiro. Joana é jornalista e Thiago trabalha com cinema e publicidade, mas sempre teve vontade de empreender. A formação de Junior é em Agroindústria e ele já tem uma ligação com a terra e a alimentação. Já a Paula é economista e é a responsável pelo no planejamento estratégico e as finanças da Komborgânica.
A Komborgânica foi pensada, planejada e colocada em operação bem rápido. Tudo aconteceu ao longo do ano passado. Uma das ideias iniciais era a de um foodtrucks, mas logo a abandonaram porque o mercado já está saturado em São Paulo. Eles teriam de achar outra forma de empreender. Thiago e Joana já conversavam, cotidianamente, sobre os preços e a dificuldade de acessos aos produtos orgânicos. Com o negócio ainda embrionário, eles queriam provar que era possível ter variedade de produtos a um preço acessível, já que essa é uma das maiores queixas das pessoas que não comem orgânicos (dificuldade em encontrar os alimentos e preços caros). Aí veio a ideia da Kombi.
Para encontrar os fornecedores dos alimentos orgânicos, eles fazem um mapeamento dos produtos de orgânicos certificados em São Paulo e arredores. Depois , conversam e buscam conhecer pessoalmente o trabalho de cada um deles. Assim, dizem, conseguem mais variedade e criam uma rede de produtores. Atualmente a Komborgância trabalha com dez fornecedores diferentes.
A rotina de Joana e Junior começa bem cedo, com o recebimento dos produtos. Alguns fornecedores trazem seus produtos até eles, outros os encontram “no meio do caminho” e, quando necessário, eles também podem ir buscar a entrega. Uma vez carregados, eles estacionam a Kombi no ponto já pré-determinado daquele dia. O cronograma é divulgado nas redes sociais da empresa e os locais são sempre aqueles com os quais os sócios já conversaram e firmaram parceria (geralmente lojas com conceito alternativo ou academias de ginástica). Estacionados, as caixas vão para fora, o toldo se estende e eles atendem os clientes até o final da tarde. Dentre os produtos comercializados estão as frutas e verduras da época, mas também granolas, bolos, geleias, molhos e temperos.
Terminado o expediente de venda, eles voltam para casa e é hora de preparar o trabalho do dia seguinte: fazer contatos, responder e-mails etc. A Komborgânica também tem atendido encomendas (delivery) e isso requer uma logística ainda maior, que requereu a contratação de uma nova pessoa na equipe, apenas para fazer essas entregas.
Os sócios não abriram os números de faturamento, mas afirmam que os pedidos de parceria só vêm aumentando. Diariamente, recebem convites de pessoas querendo levar a Komborgânica para seus bairros, estabelecimentos, condomínios e empresas. Além do calendário fixo e do delivery, a Kombi também pode ser chamada para eventos.
Até o momento, eles têm concentrado a atuação principalmente nas zonas sul e oeste da cidade. Com a grande procura, os sócios pensam até em abrir novas unidades com modelos de franquia. No momento, estão estudando esta possibilidade, mas ainda é uma perspectiva distante, pois “a Kombi é uma só”, diz Joana. Para expandir, eles teriam de adquirir e customizar outro veículo, além de ampliar a demanda de logística de pedidos, entregas, contabilidade etc.É difícil, mas inspirador
Os negócios vão bem, os quatro sócios não esperavam a repercussão tão positiva do público já desde o princípio. Achavam que ia demorar mais para emplacar e comemoram. Mas o caminho é repleto de obstáculos. Entre as principais dificuldades do negócio, Joana menciona duas questões ligadas aos produtos: uma é encontrar fornecedores certificados (muitos fornecedores procuram a Kombi, mas não têm o selo de certificação, e não são aceitos); e outra é a disponibilidade dos produtos, pois como os orgânicos são sempre sazonais, nem sempre tem tudo e os consumidores menos acostumados a isso reclamam.
As dificuldades (já são mais que duas, rs) se acumulam. Por serem perecíveis um desafio permanente da Kombi é acertar a acertar a quantidade de alimentos a cada pedido. Se sobra, estraga e vira prejuízo. Se falta, não vende e o dinheiro não entra. “Temos um trabalho constante para acertar as quantidades. Nosso objetivo é trabalhar com desperdício zero. Temos conseguido acertar na compra e levar para a banca algo bem próximo do que será vendido. Mas acontece de sobrar alguma coisa, aí ou dividimos entre nós, ou doamos para pessoas e instituições próximas para não perder nada”, diz Joana. Ela comenta que o quanto isso é, também um aprendizado e uma inspiração:
“Trabalhando com agricultores nós aprendemos a ter respeito com a terra e com o tempo das coisas, a conseguir fazer muito com pouco, a saber enxergar a abundância onde parece que há pouca coisa”
Ela gosta de se inspirar nesse modo de “vida orgânico mesmo, de se desconectar do consumo exacerbado, de comprar o que você precisa para aquele momento que é o que a terra tem para te oferecer, sem forçar os processos”.
A jornalista, mãe e agora empreendedora que vende orgânicos numa Kombi conta que uma das suas alegrias é ver o número de pessoas que os acompanham nos pontos aumentando e os clientes fiéis que sempre voltam para buscar seus orgânicos com eles. “Esse reconhecimento é uma energia extra para dar ainda mais ânimo de seguir”, diz.
Entre os planos para este ano está o de ampliar o negócio. Eles querem estar presentes em mais lugares, aumentar a operação, melhorar a logística. Ainda não sabem exatamente como, mas acreditam já ter acumulado uma boa experiência em perceberam o que funciona e o que precisa de ajuste. Estão plantando para colher, a seu tempo, mais prosperidade.
Projeto: Komborgânica
O que faz: Vende alimentos orgânicos numa Kombi
Sócio(s): Joana Ricci, Thiago Avelaneda, Paula Zucareli Ribeiro e Mario Junior
Funcionários: 5 (incluindo os sócios)
Sede: São Paulo
Início das atividades: outubro de 2015
Investimento inicial: R$ 40.000
Faturamento: NI
Contato: joana@komborganica.com.br
Por Angélica Weise no Projeto DRAFT.