Todos eles foram extremamente sensíveis a aspectos diferentes de nossa cidade, sabendo, cada um a seu modo, transformar essas impressões em canções, filmes e textos que ajudaram a definir a identidade multifacetada desta que é o núcleo da quarta maior região metropolitana do mundo.
Apesar da seleção de talentos exibidos acima, o maior cronista que essa cidade já teve, que compreendeu perfeitamente seu destino cosmopolita, muito tempo antes de se falar em globalização, foi Telmo Martino.
Telmo não era natural de São Paulo, mas do Rio.
Por pelo menos duas décadas, sobretudo, durante sua longa passagem pelo extinto JT, a partir da metade dos anos 70, Telmo radiografou a psiquê de segmentos importantes do que hoje chamaríamos de formadores de opinião e criadores de tendências.
Sempre sob a forma de ironia, ora fina, ora cruel.
Paulo Francis deve ter sido leitor da coluna de Telmo antes de criar o famoso “Diário da Corte”.
Apesar de os jornais viverem sob censura duríssima, em seu brilhante sarcasmo, Telmo subvertia a noção do que era entretenimento inteligente.
Foi o carioca Telmo Martino que, involuntariamente, nos fez acreditar que se o Rio é a cidade maravilhosa, Paris, a cidade luz, Roma, a cidade eterna, São Paulo é a cidade livre e não apenas onde foi declarada a independência.
É aqui que pessoas de todas as partes do país e de países de todas as partes, procuram a liberdade e conquistam a independência para realizar suas potencialidades.
Deus não nos presenteou com belezas naturais.
As maravilhas daqui foram construídas pelas mãos calejadas de gente que veio e continua vindo de todo lado em busca de uma oportunidade.
Em tempo: Telmo nasceu no Rio, no bairro de Botafogo, no dia 10 de janeiro de 1931. Morreu naquela cidade em 2013.
Zoca Moraes, é redator de propaganda, roteirista e contador de histórias. É Colunista e Conselheiro do São Paulo São.