A partir da desativação do serviço de bondes de São Paulo, a herança deste meio de transporte coletivo no mobiliário urbano e na memória do paulistano foi, aos poucos, sendo apagada. Seja através da demolição de paradas, seja pela remoção de trilhos das ruas e avenidas, pouco resta hoje como lembrança.
E o que sobreviveu pela cidade nem sempre é associado aos bondes. Um bom exemplo é esta estrutura do início da década de 40, existente na Praça João Mendes.
Localizada diante de dois estabelecimentos icônicos paulistanos – o Sebo do Messias e a Padaria Santa Tereza – a construção das famosas bancas de flores estabelecidas ali há décadas são, na verdade, a estrutura remanescente da antiga parada de bondes que existiu no local até meados dos anos 1960.
Sua construção iniciou-se no final da década de 30, durante a gestão do então prefeito paulistano Prestes Maia, que publicou a futura obra no diário oficial e nos principais jornais da cidade.
Estas obras, tais quais muitas outras de Prestes Maia, mudariam por completo a região em poucos anos. Na época, inclusive, não houve qualquer preocupação com o patrimônio histórico paulistano e a Igreja dos Remédios, ícone da São Paulo colonial erguida em 1727, foi demolida durante o decorrer das obras.
Uma vez inaugurado, a parada de bondes serviu aos paulistanos por décadas, operando inclusive até algum tempo depois da extinção do serviço de bondes, atendendo a população como ponto de ônibus.
Mas engana-se quem pensa que a parada de bonde era apenas esta diante da padaria Santa Tereza. Existiam outra parada idêntica a esta do outro lado da praça, diante do fórum. Estas foram demolidas com o alargamento do calçadão ali existente.
Depois de serem desativadas as paradas foram transformadas em bancas de flores e, até hoje preservam o charme do tempo dos bondes. Ali também há um pequeno banheiro público, no centro da construção, mas que não é aberta para a população já se vão muitos anos.
Um detalhe que não é possível deixar passar quanto a estas paradas, é que são muito melhores que as atuais oferecidas pela cidade, patrocinadas e que oferecem pouco conforto a quem espera uma condução. Feitas em vidro e concreto, as paradas atuais são também muito fáceis de serem vandalizadas, não protegem do sol e parecem ter como finalidade principal a divulgação de publicidade e não abrigar o cidadão. A durabilidade dos antigos abrigos de bonde e dos pontos de ônibus remanescentes das décadas de 1940 e 1950 mostram a superioridade delas contra as atuais.
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Fonte: São Paulo Antiga.