São Paulo tem registradas em álbum, as cantigas de suas ruas do século XIX

Fundada em 25 de janeiro de 1554, a cidade de São Paulo (SP) fez 465 anos como a babel mais cosmopolita e modernista do Brasil. Cidade-síntese dos diversos sotaques nacionais, São Paulo (SP) tem história musical construída ao longo desses 465 anos de vida.

Lançado pelo Selo Sesc neste mês de janeiro de 2019, em edição em CD fabricada com libreto, o álbum São Paulo – Paisagens sonoras (1830 – 1880) oferece ótimo recorte dessa história, registrando cantigas, temas e ruídos que sonorizavam a cidade em um período que cobre 50 anos do século XIX, justamente quando São Paulo (SP) começava a se expandir, inclusive musicalmente.

Com capa que expõe ilustração de 1835, de autoria de Johann Moritz Rugendas, o disco é o registro de amplo e longo trabalho de pesquisa iniciado em 1996 por Ana Maria Kieffer, cantora e pesquisadora que assina a direção musical de São Paulo – Paisagens sonoras com a instrumentista Gisela Nogueira.

A partir do material coletado ao longo dos 22 anos de pesquisa, Kieffer registrou em estúdio – em gravação finalizada em março de 2018, há quase um ano – cantigas de rua, cantos de trabalho, pregões, temas de serenatas e o repertório composto e propagado por alunos do Curso Jurídico, nome que tinha, na época, a atual faculdade de direito da Universidade de São Paulo.

No século XIX, as paisagens sonoras da cidade de São Paulo (SP) contemplavam tanto a música ouvida nos saraus familiares e em reuniões estudantis da classe mais abastada como as vozes populares das quitandeiras e vendedores ambulantes que ecoavam no cotidano das ruas.

Anna Maria Kieffer com músicos do CD 'São Paulo – Paisagens sonoras (1830 - 1880)' — Foto: Alexandre Nonis / Divulgação.

O repertório colhido na pesquisa foi disposto no disco em seis partes. Na primeira, A cidade, são registrados temas tradicionais como Cantiga do Acu, No caminho de São Paulo e Zé Prequeté. Já a segunda parte, O curso jurídico, documenta o cancioneiro composto e/ou propagado por turma formada por alunos com amigos do círculo estudantil. Cabe mencionar poemas de Álvares de Azevedo (1831 – 1857) musicados por compositores de identidade desconhecida. É o caso de Vagabundo.

Na terceira parte, Vozes das ruas, Ana Maria Kieffer documenta sons produzidos por trabalhadores como o Canto de socar pilão e o Pregão do verdureiro, entre outros temas associados ao labor cotidiano da cidade na época. Na quarta parte, intitulada Saraus e serenatas, destaca-se a produção autoral do compositor Elias Álvares Lobo (1834 – 1901), criador de temas como Chá preto, sinhá.

As composições registradas nos módulos Abolicionistas e republicanose Os Levy (com o repertório dessa dinastia de músicos atualmente na cidade na segunda metade do século XIX) completam o álbum, montando painel expressivo das músicas e cantos que moldaram a massa sonora da quatrocentona cidade de São Paulo (SP) no século XIX.

“Ao escutar o CD que temos em mãos, somos transplantados para outro tempo, numa jornada de conhecimento e fruição. São de fato sonoras as paisagens! Entre composições musicais populares, eruditas, profanas ou sacras, temos também sugestões de ruídos urbanos ou não tão urbanos, de uma natureza que se fazia ouvir”, afirma Danilo Miranda, diretor regional do Selo Sesc São Paulo.

O álbum São Paulo – Paisagens sonoras tem alto valor documental e ajuda a entender a formação musical da cidade que completou no último dia 25, 465 anos de vida.

Serviço

Selo Sesc lança São Paulo: paisagens sonoras (1830-1880).
Preço sugerido: R$20,00.
Disponível nas lojas da rede Sesc e livrarias parceiras de todo o Brasil.
Mais informações: sescsp.org.br/loja

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Com informações do SESC e Mauro Ferreira em seu blog no G1.

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