Se puder, não saia de carro

Foto: Carlos Monteiro.Olhe, pelo retrovisor, o passado do Planeta. Pare, olhe, escute, avance. Através do para-brisa, projete o futuro, proteja o globo terrestre. Os macacos, os jacarés, as porcas, as borboletas, o burrinho, o morcego, aquele grilinho incomodo e até o gato; sim, ele mesmo. O que vive na esquina da rebimboca da parafuseta.

Pare, observe o sinal fechado. A sinaleira, o farol, semáforo, sinal luminoso do meio ambiente gritando: “parem com tantas emissões de gases tóxicos”. O Planeta ligou o pisca-alerta. Tenta parar o choque de tanta fumaça nos bancos da ilusão. No moto(r)-contínuo, com injeção-direta, carburado, na queima de combustível fóssil.

Deixar no ponto-morto não é solução. Projetar um futuro em marcha ré, não é sensato, transitar acima da velocidade permitida, não é seguro, andar na contra mão da história é perigoso e, totalmente, arriscado.

Foto: Carlos Monteiro.

Ela, natureza, acendeu o farol de milha, tentando enxergar, sem óleos, mas, com lubrificantes para os olhos, que podemos optar sim, por mobilidade urbana, passando pelo caminhar, utilizar transporte público, bicicletas. Podemos subir a Rua Augusta, descer a Estrada de Santos com mais leveza e responsabilidade.

“…Vamos a pé, de trem, de metrô/Seja lá pra onde for…”.

Que futuro, que legado queremos deixar para nossos filhos? Que bagagem queremos pôr no porta-malas ou no porta-luvas? Ouça as trombetas e o pistão, que tocam insistentemente, buzinam para que não acenda velas de ignição no porvir. Tire o pé do acelerador, mude de marcha, manual ou automaticamente, mude a direção para um póstero melhor. Ilumine, seja com lanternas ou faróis, as estradas da vida para que não beije o asfalto na rua da amargura.

A banguela de hoje é a BR-3 de amanhã. A segurança não pode estar, somente, no cinto!

Foto: Carlos Monteiro.Entenda que, como nos versos de Roberto e Erasmo Carlos: “As coisas estão passando mais depressa…/…O tempo diminui/As árvores passam como vultos/A vida passa, o tempo passa…/…As imagens se confundem/Est(amos) fugindo de (nós) mesmo(s)/Fugindo do passado, do (nosso) mundo assombrado/De tristeza, de incerteza…”

Mude para que: “…Com a chave na mão/quer abrir a porta,/não existe porta;/quer morrer no mar,/mas o mar secou;/quer ir para Minas,/Minas não há mais./José, e agora?…/E agora José?…”, e agora Carlos Drummond de Andrade?

Se puder, não use o carro; hoje e sempre!

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Por Carlos Monteiro em artigo do Pro Coletivo, parceiro de conteúdo do São Paulo São.

 

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