A primeira edição era basicamente uma coletânea de colunas que eu escrevi para a ANDA, a Agência Noticiosa de Direitos Animais. Eram textos curtos com temas atuais como gastronomia, entretenimento, cultura, política, tudo isso ligado às grandes causas animais. Para essa segunda edição eu acrescentei dois textos. Um foi “15 Razões para Não Comer Carne”, que eu havia escrito para a revista VIP. O outro foi “O Animal Mais Perigoso do Mundo”, que eu escrevi para a revista Playboy. O livro também tem capa nova e outra programação visual.
Você acha que com o crescimento do vegetarianismo pelo mundo, “15 Razões para Não Comer Carne” aborda uma linguagem conscientizadora para o leitor?
Escrever esse artigo foi uma experiência muito interessante. A VIP é uma revista voltada aos prazeres do homem – bebidas, carros, charutos, esportes e, é claro, mulheres. É sua linha editorial desde a criação. Os leitores compram a revista para conhecer novas e melhores formas de sentir prazer. E de repente eu escrevo um texto tentando convencer o leitor a abdicar de um prazer, o de comer carne. Eu às vezes acho que a comunidade vegetariana tende a falar com quem já é vegetariano. Meu desafio foi escrever para quem nunca tinha pensado nessa possibilidade. Optei por escrever de forma muito sincera, abrindo o jogo das minhas intenções e tentando fugir da postura de dono da virtude. Tentei dar umas opções de ação para simpatizantes da causa, não para os já militantes. Meu primeiro teste foi com a própria redação da revista. Se a matéria fosse considerada “babaca” ou panfletária, provavelmente seria cancelada. Mas a reação foi muito boa! Hoje quando eu coloco meu nome no Google, descubro que esse artigo é sempre um dos mais reproduzidos e espalhados. Quando escrevi o artigo original, ser vegetariano era quase uma atividade clandestina! Nove anos depois, estamos sendo aceitos como gente normal e nos espalhando por aí.
De onde surgiu a ideia de passar pela mesma situação que animais que vivem em zoológicos como no relato de “O Animal mais Perigoso do Mundo”?
Foi no começo dos anos 1960, quando eu ainda era criança. Vi num jornal uma foto de um homem de terno e chapéu sentado numa poltrona lendo o The Times. A poltrona tinha sido colocada num recinto do zoológico de Londres e o homem era exibido como um dos muitos animais da instituição. Aquilo mudou minha visão de mundo. Era um reconhecimento de igualdade. É esse o conceito por trás do título do livro: Eu Sou Animal. Uns 50 anos depois eu me lembrei dessa matéria e propus fazer a mesma coisa que aquele cara de Londres numa reportagem estilo “gonzo”. Tive total apoio tanto da Playboy quanto do zoo do Bauru. O diretor lá transformou minha presença num evento municipal e criou um apoio didático muito bom, dizendo que o zoo estava exibindo o “animal mais perigoso do planeta”. Um predador, poluidor, etc. assumi o papel e a experiência foi muito rica. Eu no recinto dos babuínos, que ficaram isolados de mim, mas bem próximos. Fui um domingo para não esquecer mais. Todos os detalhes estão nesse capítulo do livro.
Além de ser um dos jornalistas mais bem informados e atuantes pela causa dos animais, você também é ferrenho defensor da mídia/comunicação digital. Fale um pouco de como essas duas questões se interligam.
Ótima pergunta. Veja o exemplo de Eu Sou Animal. Se eu fosse insistir que ele fosse editado num livro de papel, este livro ficaria meses e meses, às vezes mais de um ano para ser aprovado em alguma editora tradicional. Depois de aprovado ele entraria numa fila de lançamentos que duraria outro ano. Quando finalmente fosse para as livrarias estaria ultrapassado, desatualizado e dependeria de muitas vendas para ganhar uma segunda edição. Eu me livrei do papel. Agora escrevo e edito meus livros em edição digital e regime de auto-publicação. Ficou fácil, ágil. Não dependo de ninguém. Se eu quiser acrescentar ou corrigir alguma coisa no livro o processo dura poucas horas e uma nova edição estará à venda no mercado global. A causa animal poderia ganhar muito com isso. Haveriam muitos mais livros e publicações. O problema é que o livro digital enfrenta uma resistência enorme especialmente aqui no Brasil. Felizmente as novas gerações já vão crescer sem esse apego fetichista ao papel e terão à disposição um universo editorial muitíssimo mais rico e interessante.
Como o leitor pode comprar e ler Eu Sou Animal?
É muito simples. Basta seguir o link http://goo.gl/L1shHu. Se você ainda não tem, é preciso abrir uma conta na Amazon registrando um cartão de crédito. O site é um dos mais seguros do mundo. Depois da compra você pode ler o livro num tablet ou num celular. Um dos meios mais fáceis é ler no computador através do site ler.amazon.com.br.
Fonte: Redação ARCA Brasil.