Gustavo Gomes, 11 anos, aluno da rede municipal recebe Prêmio Cidadão São Paulo

Ao lado de pessoas de renome internacional, como o artista Antonio Nóbrega e o chef Alex Atala, Gustavo Gomes, de apenas 11 anos, foi um dos oito laureados com o Prêmio Cidadão São Paulo, em evento realizado na noite desta quinta-feira (26), no Instituto Brincante, na Vila Madalena. O aluno negro do 6º ano do Ensino Fundamental no Centro Educacional Unificado (CEU) Vila Curuçá, na zona leste, ganhou destaque após discursar contra o racismo em vídeo amplamente difundido na internet, em novembro do ano passado. Somente no vídeo original da TVT, a criança foi assistida por quase um milhão de pessoas.

Em outubro deste ano, o garoto foi além e lançou seu primeiro livro, “Meu Universo”, que reúne poesias escritas por ele, após ingresso no projeto Clubinho Poético, desenvolvido pela bibliotecária do CEU, Maria Gorete Cordeiro. O prêmio de Gustavo foi entregue pelo prefeito Fernando Haddad, que participou da cerimônia junto com a primeira-dama e coordenadora da São Paulo Carinhosa, Ana Estela Haddad.“

“Sinto lisonjeado, que é uma palavra difícil de pronunciar e deveria ser excluída do dicionário, e acho que não mereço tudo isso. Essas pessoas do meu lado fizeram coisas gigantescas pela cidade, coisas incríveis pelos paulistanos e eu só falei algo que tantas crianças sabem e podem falar. Sinto muito agradecido e acho mesmo que não mereço tudo isso”, afirmou o garoto.“

Você (Gustavo) encanta não só pelo que recita, mas pela forma que se comunica. Acho que você deu um exemplo de dignidade com o que você fala, algo tão importante para tantas crianças negras aqui em São Paulo. Conheci seu vídeo logo que saiu e sou um dos milhões que assistiu e o admira pela maneira que expressou seus sentimentos e o exemplo que deu”, disse o prefeito Fernando Haddad.

Atualmente, o projeto extracurricular do qual Gustavo participou conta com mais de 40 alunos e se desdobrou em uma segunda fase, chamada Literarte Infanto-Juvenil, que já expôs trabalhos de 35 crianças poetas dentro do CEU. O garoto morador do Itaim Paulista ingressou no projeto há quase dois anos e, por conta da repercussão de seu discurso, concedeu uma série de entrevistas. Do projeto também saiu outro jovem escritor, Matheo Angelo, que lançou “Via láctea e Andrômeda”, com contos, crônicas e poesias.“

Entrei no Clubinho Poético em abril do ano passado e, desde então, não saí mais. Tem um monte de criança recitando poesia, escrevendo poesia e isso é maravilhoso. Lá me sinto em casa, é lá que escrevo, porque parece mais uma brincadeira do que uma aula”, disse Gustavo.“

Quando o Gustavo entrou, o projeto já existia, mas era algo de ler e discutir poetas e escritores famosos. Com ele, o projeto foi mudando e hoje temos trabalhos de mais de 35 crianças, que mostram que muitas crianças tem o prazer de ler na cidade e na rede pública. Elas gostam de escrever, mas precisam de oportunidades”, afirmou a bibliotecária.“

É um orgulho ver isso, porque o Gustavo sempre gostou de ler. Ele pega um livro, lê de uma vez só e o ver sendo reconhecido pelo que disse ou escreveu é algo emocionante para qualquer mãe”, afirmou Cícera Gomes, 38 anos, mãe do menino.

O evento de premiação ainda marcou a despedida da atual sede do Instituto Brincante, criado por Nóbrega, que por determinação judicial sairá do endereço e mudará para o terreno vizinho. “Quando li o conceito do prêmio, que era um reconhecimento àquelas pessoas que fazem a diferença em São Paulo, fiquei extremamente atordoado. Não faço diferença em São Paulo coisa nenhuma e pensei que isso é história para boi dormir. Então, mastiguei e pensei em fazer um discurso bonito. Tentei umas seis ou sete vezes até chegar à conclusão que não tinha um discurso bonito para fazer a não ser fazer poesia”, disse Nóbrega, que fez uma apresentação de seu trabalho de performance.

Criado pelo Catraca Livre em 2012, como Prêmio Cidadão Sustentável, a premiação ampliou seu foco e mudou o nome. Na quarta edição, o Prêmio Cidadão São Paulo é uma parceria com Instituto Brincante, Itaú Cultural,  Laboratório da Cidade, Instituto Alana e apoio da Rede Nossa São Paulo e Agência Tudo.

Além de Nóbrega, Atala e Gustavo, também foram premiados o argentino Facundo Guerra, um dos responsáveis pela revitalização com a atração de comércios do Baixo Augusta; a jornalista e apresentadora da CBN, Fabíola Cidral; a agência Leo Burnett, que criou campanhas de doação de sangue e segurança no trânsito; e Jayme Garfinkel, presidente do Conselho de Administração da seguradora Porto Seguro, que está a frente do novo Teatro Porto Seguro, instalado na Luz, região da Cracolândia, que propõe a revitalização da área. Também foi homenageada Tia Dag, coordenadora da Casa do Zezinho, que ajudou mais de 15 mil pessoas da região do Capão Redondo, no extremo sul.“

Cada pessoa que está aqui foi escolhida após muitas consultas e muita votação. Ouvimos a Rede Nossa São Paulo, o Itaú Cultural, o Instituto Alana e muita gente para saber quem a gente poderia colocar, como se fala na Índia, flores no pântano. Flor no pântano é quando se cria um teatro na Cracolândia, quando você pega uma área que era de prostituição e transforma em uma área de encontro ou quando o Atala cria o Riviera, que era uma coisa abandonada” afirmou o jornalista e idealizador do Catraca Livre, Gilberto Dimenstein.O secretário municipal da Cultura, Nabil Bounduki, esteve presente no evento.

Assista ao vídeo original com a fala de Gustavo: http://bit.ly/1kXg70s

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Fonte: Secretaria Executiva de Comunicação.

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