Assisti “Pasolini” de Abel Ferrara. Quem incorpora o papel do polêmico diretor italiano é Willem Dafoe, ator prestigiado que se impõe nos distintos personagens que já representou.
O filme narra os passos dos últimos dias de vida de Pier Paolo Pasolini, um homem de hábitos simples, que morava com a mãe, trabalhava em casa, e circulava pela cidade por bares, restaurantes e em alguns deles era chamado carinhosamente de “professor”.
Com uma certa timidez, Pasolini foi vítima de sua opção sexual e da intolerância. Em 2 de novembro de 1975, Dia de Finados, saiu com um garoto de programa. Depois de alimentar o rapaz faminto com um espaguete servido numa cantina da qual era freguês eles seguiram para a praia de Óstia que parecia deserta. Ao deixarem o veículo foram surpreendidos por quatro “machões”. Imobilizado foi atacado com socos e pontapés e sem qualquer possibilidade de reação, um golpe na cabeça com um pedaço de madeira o fez cair e agonizar no chão.
A vida de um dos mais importantes cineastas do século passado acabou ali e perdemos todos nós. De lá para cá, embora tenham ocorridos alguns avanços nos direitos LGBT, o preconceito, a truculência e a violência ainda estão presentes em nosso cotidiano, o que nos faz constatar que o respeito às diversidades para que possamos ter uma convivência pacífica entre os seres humanos que habitam este Planeta ainda é um desafio permanente, e que deve ser debatido e colocado em prática a cada momento por todos nós. Por aqui, fico. Até a próxima.
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Leno F.Silva é diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.